terça-feira, 31 de julho de 2007

REFLEXÕES HOMOFÓBICAS DE UMA SOLTEIRA DESESPERADA

Gays, felicidade pura. Fazem paradas, blocos de rua, beijaço público, fazem filmes e concorrem à Oscar, tem boates exclusivas, têm bandeira. Okok.. parabéns.. já curtiram bastante?! Para nós, mulheres heterossexuais, a graça acabou faz tempo.

Bisavós se chocam ao ver homens se beijando, quase parada cardíaca; avôs viram a cara e protestam alguns injúrios, já os pais, bom, de repente o seu pai é gay e você não sabe (ou sabe sim). Enfim, nossa geração já está bem imersa nessa nova realidade: mulheres namoram mulheres e homens namoram homens. Mais: estou notando uma obrigação por parte da parcela pseudo-cult da zona sul: uma gatinha da lapa que não cogita beijar outra mulher é careta, (ai garota, fala sééério). Meu texto seria idiotíssimo (e talvez até seja) se quisesse tratar disso.

O problema é: as estatísticas - leia-se IBGE - indicam que há, no Brasil, 24 milhões de gays (entre homens e mulheres, naturalmente), ou seja, 14% da população. Para cada 100 mulheres, no Brasil, existem 95,7 homens – o que aqui no Rio de Janeiro muda para cada 100 gatonas, 86,5 homens. Pasmem. Se antes já sobrava mulher, imagina agora, com o boom dos gays, que de acordo com minhas observações, são em sua grande maioria homens?!

Gostaria de apenas esclarecer uma coisita aqui. É um título bem sensacionalista e mentiroso. Esse texto não é homofóbico, O Zè, gay, foi quem me incentivou a materializar as seguintes reflexões (que antes só circulavam no nossos papos matinais) e sua divulgação. A questão é mais profunda. Não queremos casar com os gays. Quero mais é que eles se divirtam entre si.

O problema é o subproduto dessa ‘revolução’. Muita mulher. Pouco homem. As mulheres maravilhosas começam a baixar o nível, já que não existe quantidade de homens maravilhosos correspondente. As mulheres maravilhosas começam a ficar com caras mais-ou-menos. E assim a escala vai descendo, descendo, descendo. E nós nos submetemos a envolver com homens cada vez mais “furados” só pra não ficar na seca. Isso é preocupante a longo prazo: a sobra de mulheres está mexendo com a cabeça deles, sexo masculino.

O barrigudinho, ligeiramente obsessivo, arrogante, que usa um perfume péssimo, que tem duas cáries no dente, que nunca leu um livro inteiro, ou se leu, foi o Harry Potter, pois bem, esse cara, sem qualquer esforço, tem um leque de umas 5 mulheres querendo ficar com ele. E nós, mulheres, temos que paranoicamente nos especializar cada vez mais. Lemos filosofia, física quântica, assistimos aos filmes do Felini, Godard, Glauber Rocha.. cara... malhamos, nos mantemos bronzeadas, gastamos horrores em roupas, perfumes bons, maquiagem... fazemos análise, queremos ser pessoas melhores, nos espiritualizamos, yoga, Tantrismo, buscamos bons empregos.... mas nada. Ficamos solteiras se não decidirmos baixar o nível de nossas expectativas em relação aos homens.

Está um clima de nervosismo. As mulheres estão em povorosa. Dão em cima, desesperadamente, de caras casados, comprometidos, de caras feios. E esses homens desqualificados?! Eles estão se achando. Esse é o pior. Acham que são demais só porque têm atrás deles uma meia dúzia de mulheres zumbi, lutando contra a solidão.

Sempre existiu uma paranóia compartilhada entre as mulheres de “ficar para a titia”. Inclusive é normal vermos muitas mulheres de 40 anos, solteirassas, desesperadas para arrumar um namorado, freqüentando boates, sambas, Lapa, Glória, Nuth. A minha previsão é: nossa geração sofrerá mais ainda desse mal, somos as mulheres perdidas. Daqui a 20 anos não vai ter Escravos da Mauá nem Estrela da Lapa onde caibam tantas coroas solteiras.Tem que haver uma solução para isso.

Eu prevejo duas, pra não dizerem que meu texto é suicida: a primeira é uma campanha em massa para ajudar as mulheres homossexuais a se descobrirem. Acho que incitar a homossexualidade feminina é uma boa forma de reduzir a concorrência, e é um serviço prestado àquelas que possam estar com medo de encarar a sociedade. SIM MENINAS! Encarem essa visão pequeno burguesa em que só o casamento homem-mulher vale na produção de novos proletariozinhossss! Vamos lá, descubram seu verdadeiro eu (e não vale só dar beijinho em outra fêmea para entrar na moda, viu?! Vira, mas vira com tudo!)

Segunda: o casamento poligâmico. Lá no Islã os homens morriam muito na guerra, sobravam muitas mulheres, e sabiamente eles convencionaram o uso do “um cara casa com dez mulheres” e namora mas não sei quantas escondidamente. Precisamos elaborar novas respostas culturais para os problemas sociais atuais, gente. Talvez essa coisa da monogamia, como já dizia a galera dos 60, esteja mais do que fora de moda, seja uma ilusão, um perigo de Estado.

Alguém tem uma solução melhor?


segunda-feira, 23 de julho de 2007

Cansei: hora de trocar a personagem. E agora?

Eu tô numa fase meio assim... meio sei lá... de transição, por assim dizer. Como seria esse momento? Eu não sei do que eu gosto, não sei o que me apetece, o que me dá prazer. Não que me falte alguma coisa. Essa sensação é menos por falta que por opção. Os seres humanos estamos vivenciando uma época que temos de tudo, porém essa variedade não é, nem de longe, sinônimo de qualidade. Eu já passei horas ouvindo Marisa Monte, já gritei com a Ana Carolina e, agora, o que me satisfaz é ver o sol raiar tendo house music ou Madonna como fundo.

Às vezes, penso ser eu inconstante. Minha amiga Rosa disse certa vez que eu não precisava estar feliz o tempo todo, podia estar triste também. Inconstância. Mas na verdade – na minha verdade – acho que não consigo ser fiel às coisas por muito tempo. Mamãe diz que enjôo das coisas facilmente, que demoro a conseguir uma coisa, e quando consigo, largo logo depois. Não que eu seja mimado, longe disso – embora algumas pessoas acreditem fielmente nisso (fodam-se elas) – É uma característica do ariano. Pronto: encontrei uma ótima justificativa. O signo nos ajuda nesses momentos em que nos deparamos com nossos defeitos.

Eu troco de amigos – nada muito efêmero, claro. Uma vez tendo passado pela minha vida, sempre terá estado lá - Vira-e-mexe estou com um best friend. Já foram tantos... Talvez isso se deva a minha necessidade de classificar as pessoas ao meu redor. Existem os conhecidos, os colegas, os amigos, os grandes amigos e o best friend – vale ressaltar que o João ocupa um lugar à parte, sem classificações, temos o que o Rômulo (outro grande amigo e, em algum momento, um Best Friend), chamaria de intimidade singular. Com isso, a importância que as pessoas assumem em minha vida mudam de acordo com o tempo e a fase que estou passando. Se estou numa fase de muita badalação, por exemplo, me aproximo dos amigos que costumam ser a companhia ideal para tal. Alguns convivem muito bem em vários campos: são amigos da faculdade, são amigos de baladas, de papos cabeça, de programas cults.

AFF. Que volta dei. Tudo isso para falar que estou de saco cheio do Zeh, aquele que causa. Eu fui uma criança tímida, mais tarde um adolescente que se descobria e descobria o mundo e, à medida que isso ia acontecendo, ia se soltando. Segurança e amadurecimento fizeram com que eu aprendesse a trabalhar com a timidez e a me mostrar mais para essa coisa medonha que é o mundo. De uns tempos para cá, comecei a ser muito mais sociável, muito mais aberto aos momentos interacionais do que sempre fui. Era ela: o Zeh, aquele que causa.

Pra mim, na pós-modernidade – para alguns amigos estaríamos na ultra-modernidade, eu acho muito mais simpático a idéia de uma pós – o homem assume muitos papéis, todos, ao mesmo tempo, e agora. Somos filhos, cidadãos, consumidores, amigos e blá blá blá. Dentre essas muitas personagens – alguns chamariam de máscaras -, eu criei uma, a minha, pessoal e intransferível. Ela me ajudou muito, confesso. Conheci metade do RJ, distribui sorrisos pra outra metade, dancei. Me joguei. Tudo muito eufórico. Artificial nunca – intensidade é outra característica do ariano. Só que agora, estou começando uma outra fase, mais calma, mais tranqüila, mais IN, por assim dizer. E esse Zeh tá me cansando. Porque as pessoas esperam atitudes dele, frases e posturas. O Zeh que causa me cansa.
O problema – felizmente – é que não podemos jogar personagens na lata do lixo, né!? É preciso conviver com ela. Ela sempre vai estar lá. Basta saber usá-la na hora certa, no momento ideal. Anuncio a todos: o Zeh vai ficar de stand by. Mas isso também não é pra sempre, imutável, o fim. Na vida, nada é pra sempre, se fosse, isso seria no mínimo cansativo. Pensar no “para sempre”, que vemos nas histórias infantis, é enfadonho. O Zeh sempre vai estar lá para que eu possa recorrer a ela quando eu me entediar dessa fase In. Uso e abuso. Eu serei o sujeito da ação e não o paciente. Uso a personagem, e não o contrário. Daí, quando eu menos esperar, ela baixa. Saio da mesmice. Tudo isso sem o menor sentimento de culpa. Regressão, imaturidade, incoerência? Inconstância. Salve a Rosa!

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Quanto mais eu vivo, mais eu aprendo sobre a vida, e mais destrambelhada eu fico, sobretudo porque viver é muito doido!

Não encontrei maneira melhor de retomar meus devaneios do que a partir dessa frase. Proferida durante uma despretensiosa conversa por MSN, não é que ela fez sucesso? Tudo o que eu queria era expressar a minha perplexidade com a vida, em sua totalidade. Quanto mais paramos para refletir, e tentar compreender o porquê das coisas, ou pelo menos encontrar lógica na maneira como as coisas acontecem, esta se torna uma busca incessante, uma vez que não chegamos a lugar nenhum. Virei filósofa, tudo fruto de meses de ócio pós melhor viagem da minha vida. Para quem não sabe – a maioria de vocês, pelo menos eu espero, porque significa que esse texto está sendo bem divulgado – eu acabei de voltar de 4 meses de work experience, que simplesmente mudaram totalmente a minha maneira de ver o mundo e de me relacionar com as pessoas. Me tornei uma pessoa mais humana, mais sensível, mais vivida, mais madura, sobretudo a ponto de admitir a própria fragilidade, embora ainda não saiba como lidar com ela. Hoje me sinto uma adulta. No entanto, essa mesma experiência que abriu a minha cabeça, me fez levantar diversos questionamentos.
Ao me deparar com todo esse mundo que existe lá fora, meu mundinho caiu: a vida é muito mais do que a rotininha que eu tinha antes de embarcar para os EUA! E agora? Desde que voltei, não consigo mais ver a minha realidade da mesma maneira que via antes...agora que sei de tudo o que existe lá fora, eu posso perceber a fragilidade desse mundinho em que eu vivo. De uma hora para outra, como num passe de mágica, tudo pode desmoronar! Visão pessimista? Talvez...mas a grande questão é...a vida é feita de fases, que nos fazem sofrer e nos levam a recomeços. Existem recomeços forçados, como casos de morte, que nos fazem tomar a frente de situações que não gostaríamos, ou assumir papéis que não estamos prontos para exercer. E existem recomeços por opção, quando decidimos jogar tudo pro alto e começar uma vida nova em outro lugar, mas com aquela certeza de que, se algo der errado, é só voltar correndo pro nosso mundinho porque ele continua lá, intacto, à nossa espera.
Todas essas reflexões e possibilidades me levaram a cultivar uma série de inseguranças, que antes nunca tinham passado pela minha cabeça. Passei a sofrer muito mais, simplesmente por me sentir mais consciente de tamanha complexidade da vida. E se eu não souber fazer as escolhas certas? E se em algum momento eu ficar sem saída? E se me sentir confusa e não souber o que fazer? Me tornei uma pessoa mais depressiva, sofria por tudo e a todo momento. Não entendia como era possível passar momentos de tanta felicidade e depois cair no nada, não ver mais graça e nem felicidade em lugar nenhum.
Uma vez conversando com minha mãe, ela me disse que eu havia amadurecido, e que a realidade da vida era aquela, não era nenhum mar de rosas. Me tornei mais decepcionada ainda, já que percebi que a vida tinha mais momentos ruins do que bons. Comecei a questionar: pra quer ser feliz se tudo vai piorar depois? Estava enlouquecendo, estava ficando pior do que a segunda geração romântica. Mas então, comecei a perceber, que pra cada obstáculo, cada dia difícil que tivesse, poderia esperar por algo de bom para consolar. E é assim que vivemos, passamos a semana inteira esperando pelo fim de semana, quando encontraremos nossos amigos, namorados, familiares e afins, e enfim, relaxaremos e nos divertiremos. A proporção da vida é essa: 5 dias difíceis para 2 ou 3 dias bons. E é assim que vivemos, contornando os problemas com as pequenas alegrias da vida.
Não existe vida perfeita e nem pessoas totalmente felizes, estilo comercial de margarina. A felicidade está em saber reconhecer e valorizar os pequenos bons momentos da vida e, porque não...nos agarrarmos a eles, como uma injeção de ânimo para quando tivermos vontade de desistir e jogar tudo pro alto. A vida está aí, para ser vivida, experimentada...devemos arriscar, e esperar sempre o melhor de tudo, e encarar os problemas e desafios de cabeça erguida.