quarta-feira, 28 de novembro de 2007

“As consequências são as pequenas coisas”

Antes de tudo, peço mil desculpas por apresentar um texto de qualidade inferior ao que deveria ter produzido. Movida pela preguiça de ligar o computador às 3 da manhã - após assistir ao filme - acabei me castrando e me impedindo de produzir um texto que se escrevia por conta própria em minha cabeça. Não dormi. Nem fiz o texto. Assim que acordei, produzi o que disponibilizo abaixo para vocês, algo muito aquém do que gostaria.
Dia desses, Vanilla Sky passava na TV. Diante das péssimas opções que passavam, e da insônia que me consumia, optei por assistir ao filme, a contragosto de minha irmã. Comecei vendo cheia de preconceitos, achando o filme idiota – mas confesso que adorei as cenas filmadas na Times Square – o que talvez tenha contribuído para que eu não mudasse de canal.
Não sei se vocês viram esse filme, muita gente não viu porque ele foi fortemente criticado na época. Por isso, não quero ficar aqui contando sua história. O meu foco aqui é outro, quero falar em tudo em que o filme me fez pensar. Não quero impor aqui minha visão de filme, até porque cada um o entende de acordo com a sua “bagagem” de vida. Essa é a grande vantagem de um bom filme, a sua subjetividade. Ele não é um “fast food, não está pronto para o consumo, precisa ser processado, refletido, discutido.
Em Vanilla Sky, o personagem de Tom Cruise – lindo e bem-sucedido – simplesmente arruína sua vida por causa de uma escolha, feita por impulso. Naquele dado momento, ao decidir entrar no carro, ele mudou seu destino para sempre. Uma das frases proferidas durante o filme, a que eu escolhi para título de meu texto, foi a que mais me marcou. As conseqüências são, de fato, as pequenas coisas. Aquelas atitudes bobas, aparentemente inofensivas, que tomamos em uma fração de segundos, e que podem mudar para sempre nossas vidas e de todos ao nosso redor.
Quantos amores não perdemos porque o “eu te amo” ficou entalado em nossa garganta, quantas vezes o nosso orgulho nos impediu de correr atrás do que ou de quem queríamos, a vergonha e a sensatez nos convenceram a reprimir aquele desejo? Embora nosso personagem tenha pecado pelo excesso, admito que já pequei por falta. Mas é o que disse, cada um entende o filme da maneira que lhe convier.
Em uma narrativa que mistura sonho e realidade, e que alfineta a pós-modernidade, são inúmeros os aspectos a serem comentados. Como assisti ao filme apenas uma vez, e de madrugada, confesso que não absorvi tanto quanto queria. Deixo, aqui, o meu relato parcial, e um convite: assistam Vanilla Sky, mas não como um filminho pra ver com a galera no fim de um dia cansativo. Veja, atento, se preciso, sozinho, e por favor, reflita!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

TOCO

Antes de tudo, peloamordedeus, me perdoem vezes mil. Eu devia ter postado há 15 dias, não valho nada, estou comprometendo a sólida credibilidade que levamos anos para conquistar, que levamos anos para conquistar.
Tentarei me redimir com o texto abaixo, que escrevi quando tinha 16 anos, super influenciada pelas "Capricho" da vida e sobretudo pela luta entre os sexos, Girl Power, menino contra menina e talz. Mas acho ele engraçadinho e metido a besta, dá pra rir, divido-o com vocês.
...
Toco é a representação vocal dos sentimentos mais sublimes guardados no íntimo de cada ser humano, na maioria das vezes expresso por nós, mulheres. Ou, traduzindo, é o “Não” que você diz pro chulé que tá te aporrinhando na night. Não existe mulher no mundo, por mais feia que seja, que nunca tenha tido o prazer de dar um toco. Simplesmente não existe. Porque nesse papo de machismo, aonde os costumes deixam o encargo de tomar a iniciativa pros garotos, nós mulheres ganhamos o sublime presente de Deus de poder negar calorosamente os seus atrapalhados métodos de aproximação.

A ARTE DO TOCO

Situação nº1: A GROSSA

- Aí gatinha, qual o seu nome?
- Por que você quer saber?
- Iii... calma... só tô querendo conversar.
- Então porque tá falando tão perto da minha boca e com a mão na minha cintura?
- É porque o som tá muito alto e eu quero ouvir a sua voz que se for maravilhosa que nem o seu rostinho eu já tô satisfeito.
- Aí... boate num é lugar de conversar não, valeu?!
- Então a gente pode fazer outras coisas...
- Boa idéia... xou ir no banheiro que essa vodka desceu mal.

A situação 1 descreve uma situação bem corriqueira. A dos chatos que chegam querendo conversar. Esse tipinho é praxe nas boates mais sociaizinhas. A figura chega perguntando nome, o que faz da vida, onde trabalha, o que gosta de fazer. No meio do lenga la lenga manda várias cantadinhas e no final te convida pra apreciar a vista do cantinho do bar. CUIDADO!!! Esse tipinho é difícil de dar chega pra lá, porque vem com papo de legalzinho, e se você for grossa de primeira, ele tira o corpo fora dizendo que só queria conversar. Esse tipinho, que quer nos vencer pelo cansaço, vai odiar se você responder a todas as perguntas secamente, sem olhar muito na cara dele, e, principalmente, sem lhe fazer perguntas. Se o cara extrapolar na falta de semancol, o que provavelmente vai acontecer (não esqueça que são HOMENS), diz que vai dar uma volta. Esse tipinho acha que vai te ganhar na lábia, e não costuma apelar pros puxõezinhos de mãozinha.

Situação 2: PUXÃOZINHO DE MÃOZINHA

- (puxãozinho de mãozinha masculino)
- (tiração de mãozinha feminina)
- (puxação de braço)
- (chega pra lá feminino)
- (puxação de cabelo)
- (empurrão violento) Olha o que você fez na minha escova, muleque?!

A situação 2 é o que normalmente vemos nas noites mais destinadas a guerra como essas grandes festas a fantasia e etc... Ela narra um momento mais pré-histórico dos garotos que fazem como um “cabo de guerra” entre ele e suas amigas, com você no meio. Nesse tipo de situação realmente as amigas são a melhor solução. Esse tipo de garoto odeia os “trenzinhos” de meninas, onde umas protegem as outras dos corredores formados por esses cavernosos. Vale lembrar que é a tática preferida dos tímidos e dos péla-sacos que nem conseguem trocar uma idéia com as meninas. CUIDADO!!! Ficar com esse tipinho é se contentar com uns beijinhos e olhe lá... eles adoram é fazer número.

Situação 3: OS ORIGINAIS & ENGRAÇADINHOS

- Oi... posso te fazer uma pergunta?
- Pode né...
- Se você estivesse num jogo com um adversário muito difícil aonde fosse quase impossível ganhar, o que você faria... desistiria ou jogaria mesmo assim?
- O que???????
- É... Se você estivesse num jogo com um adversário muito difícil aonde fosse quase impossível ganhar, o que você faria... desistiria ou jogaria com ele sem medo de perder?
- Cara... eu não tô entendendo... que jogo?
- Qualquer jogo gata... você acha que eu deveria desistir?
- - Aí... num tô te ouvindo.. repete...
- Você acha que eu devo desistir?
- Desistir do que meu filho?
- Ah você sabe... você acha que o jogo tá perdido?
- Ahnnnn????

A situação 3: relata o tipinho mais freqüente em barzinhos, que chegam com um papo intelectual, ou com uma brincadeirinha aparentemente inofensiva. CUIDADO!!! Esse é o mais difícil de dar o toco final, já que todas as suas insinuações costumam ser discretas e evasivas. O segredo é se fazer de idiota, fingir que não tá entendendo nada pra que no mínimo o irrite e o faça chegar na lata, te deixando como solução o famoso “na na ni na não”.

Essas três situações ilustram o básico do básico do que costumamos assistir nessas noitadas da vida. Dar toco é sim uma arte. Se somos diretas no não, eles nos chamam de grossas, mal educadas, metidinhas. No entanto, se damos conversa pra tentar fazer um tipo legal, eles grudam no nosso pé, não entendendo que educação não é cu-doce. Logicamente o negócio é sacar qual é a do garoto e ser o mais objetiva possível sem deixar de lado a classe tão peculiar feminina. E pensar em formas de sair por cima claro... tipo.. pra que dizer o seu nome de verdade?! Aproveite esses momentos de toco para inventar mentirinhas engraçadas, deixar fluir a imaginação. Agora o segredo mesmo é o tapinha nas costas. Seja você do tipo grossa, desentendida, simpática, engraçadinha... tapinha nas costas combina com qualquer tipo de toco e é a arma mais eficaz contra os chicletes de plantão.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A indesejável presença da ausência

Para sentir saudade é imprescindível ter em mente uma experiência passada que possibilite-a. Talvez ela seja o sentimento mais lógico e racional que o ser humano possa experimentar. O amor, por exemplo: quantas pessoas já não se apaixonaram à primeira vista!? A raiva e o ódio também são sentimentos que precisam de segundos para se manifestar. Uma coisa quase que instantânea. Mas não efêmera. Não é isso o que quero dizer. Para atingirmos a saudade é preciso que se percorra vários estágios. É necessário que, antes, tenhamos sentido outros sentimentos – positivos. Positivo porque ninguém sente “falta” de algo que não tenha gostado, que não tenha lhe agradado, que tenha lhe feito mal - o masoquista até sente, mas isso é outra história - Ao mesmo tempo que ela seria o sentimento mais racional, visto que teria uma explicação cartesiana - sinto-falta-de-alguma-coisa - ela é a mais estranha em suas manifestações. Quando amamos, a pessoa amada é o objeto de desejo. Queremos estar perto dela, o coração bate forte ao vê-la. Quando sentimos inveja, desejamos possuir o que é do outro. Com a raiva somos capazes de matar um. Mas ao sentirmos saudade - pelo menos é assim que ela se apresenta a mim - me vem uma dor em meu coração. E essa dor não é física, não é tangível.
Automaticamente, ao pensar na palavra, me vem à cabeça lembranças felizes e outras nem tanto.
Penso em meu pai, que partiu tão cedo. O tempo que me distancia de sua presença faz com que seu rosto desapareça de minha memória.
Recordo minha infância, cheia de inocência e crenças que, hoje, me parecem difíceis de serem postas em prática.
Lembro de amigos que estão distantes e, curiosamente, próximos – fato esse possibilitado pela saudade.
Dia desses conversando com miss Piller, chegamos a uma conclusão curiosa: existem vários tipos de saudade. E esse sentimento se manifesta de forma singular para cada pessoa/situação/recordação. Não que ela seja maior ou menor. É apenas singular. É única. Uma experiência de saudade parece que foi criada apenas para aquele caso específico. Você não conseguirá repeti-la com outra pessoa/situação/recordação.
Em pelo menos uma coisa ela se assemelha aos outros sentimentos: ela não pode ser dimensionada, mensurada. Pouca, muita, mais-ou-menos. Ela É. SENTIMOS.
E, cabe a nós aprendermos a conviver com ela, na busca incessante de deixarmos de experimentá-la. Em alguns casos – e, infelizmente, só para alguns – desejamos não senti-la, erradicá-la de nossas vidas, tornando presente o objeto em falta.
Por isso, se possível, atenda ao meu pedido: MATEMOS-NA.