quarta-feira, 2 de abril de 2008

A difícil arte do desapego

Fuxicando orkuts alheios, vi certa frase que dizia laranja ser a cor do desapego. Ok, devia ter entrado o ano de laranja. Não me considero uma pessoa extremamente supersticiosa, mas às vezes pequenas coisas nos auxiliam a botar em prática nossos objetivos. Algumas pessoas entram em nossas vidas do nada, e se instalam de uma maneira, que torna-se difícil removê-las. Algumas vezes, criamos relações de dependência, o que torna tudo ainda mais complicado.
O comodismo e o medo do novo também não ajudam muito. “Não há nada melhor do que um jeans velho”, disse meu amigo Zé, enquanto conversávamos sobre roupas hoje. Assim como o “jeans velho” é sempre mais confortável do que o novo, é sempre mais fácil ficarmos com aquele emprego mais ou menos, que, embora não nos satisfaça, já está garantido, já estamos acostumados com o ambiente e as pessoas. Mudar de ares cansa, fazer novos amigos às vezes nos enche, começar ciclos dá medo.
Nunca vou me esquecer do medo que senti antes de embarcar para os EUA ano passado. Após o choque inicial, já sentada dentro do avião, comecei a me perguntar o que estava fazendo ali, porque não havia ficado em casa, com meus amigos, ao lado dos que já me amam, e que já me conhecem muito bem. Como já não havia muito o que fazer – não estava louca a ponto de fazer o avião parar – continuei a viagem, chegando ao meu destino no dia seguinte. Falo, como algumas das poucas certezas que tenho na vida, que não me arrependo nem um pouco em ter entrado naquele avião. O ato de arriscar algo novo me proporcionou uma das melhores – acredito que a melhor até hoje – experiência da minha vida. Morar e trabalhar num lugar estranho, de contrato assinado, enfrentar o frio e a saudade, trancar a faculdade. Foi preciso ser um pouco impulsiva, além de corajosa.
Casa nova, relacionamento novo, emprego melhor, namorado diferente. Chame você como quiser, todos certamente já passamos e/ou estamos vivenciando alguma situação desse gênero. Por isso, digo com toda convicção, embora tenha que admitir um certo ar de hipocrisia em minhas palavras: arrisque! Quando o medo paralisar, quando o frio na barriga bater, quando as lágrimas começarem a cair, não desista. Respire fundo, pense que para as melhores coisas da vida, é preciso ter coragem, e siga em frente. Mudanças são sempre necessárias, desapego é essencial. Ok, disso eu já sei, agora me conta como se faz?