quinta-feira, 15 de maio de 2008

Papo de Pilotis

Se conversar fosse atividade remunerada, certamente seria a minha profissão. Todo freqüentador dos pilotis da PUC sabe muito bem do que estou falando. É possível passar uma manhã inteira, ou até uma tarde, parado no mesmo lugar, sentado no busto do Kennedy (famosa “cabeça”), esperando o ir e vir das pessoas. É incrível como em questão de minutos, infinitas pessoas passam por ali, e inúmeras delas conhecidas, param para conversar. Conversas despretenciosas, assuntos sérios, desabafos, conselhos profissionais, DR’s, e por aí vai. Talvez muitos relacionamentos já começaram e terminaram bem ali, naquela “cabeça”. Certamente, o mesmo vale para amizades. Posso, com grande certeza, afirmar que, 90% das minhas amizades puquianas foram consolidadas nos momentos entre aulas nos pilotis. Piadas, risadas, promessas, confidências, abraços, fotos. Quando o papo e a freqüência estão muito bons, o que quase sempre acontece, difícil mesmo é ir para a aula. Ao longo de 3 anos e meio de PUC, construí amizades curiosas, inusitadas, aprendi com a diversidade. Saí do tubo(interna), quebrei barreiras, aprendi a ouvir, aprendi a falar. Ninguém sabe qual será o futuro desses comunicólogos, formandos de 2008.2, mas uma coisa é certa, todos sairemos com bacharel em gente. Não há dúvidas de que, mais que um lead, ou uma peça publicitária, ou uma edição de imagem, aprendemos a lidar com gente. Embora ainda não tenha me encontrado profissionalmente, posso assegurar que fiz um grande laboratório ao longo desses anos, aprendi a lidar, a ler, a entender, a ser gente. Descobri que estereótipos na realidade não existem, e que botar todo mundo no mesmo saco é um grande pecado. Perdi a conta das pessoas que pré-julguei, e, em uma pequena conversa no pilotis, toda aquela imagem se desconstruiu. Dizem que faculdade de comunicação é oba-oba, social, que é irrelevante. Talvez, profissionalmente falando, pudéssemos reduzir nosso curso pela metade. Mas ele certamente não teria um terço do aprendizado que (todos) tivemos. Porque lidar com as pessoas, falar e escrever bem, e em nome de todos, não é uma tarefa tão fácil quanto parece. Cabe a nós, futuros profissionais de comunicação, falarmos ao mundo, e pelo mundo, e para isso, é preciso saber onde estamos nos metendo e com quem estamos falando. E, enquanto não me pagam para falar, me contento em ganhar para escrever.