segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Retrospectiva 2007

Dia desses estava fazendo uma retrospectiva de 2007. Não sobre os grandes acontecimentos de relevância mundial ou para o Brasil. Isso eu deixo para o programa da Globo. A retrospectiva era sobre os fatos que marcaram a minha vida nesse ano – e não são menos importantes por estarem relacionados a um universo micro; se bem que se formos seguir a teoria do zervelis, todos esses acontecimentos geraram efeitos para outras pessoas, ou seja, são de importância mundial sim, assumindo um contexto macro. Prefiro essa crença – Mas deixando tudo isso de lado, não, eu não vou expor a minha vida neste espaço virtual e relatar os acontecimentos, casos, detalhes sórdidos e outros nem tão sórdidos... Mas sim falar que foi o ano das coincidências. Sim, acredite você, ou não, mas elas existem.

E nesse 2007 elas foram várias, como reencontrar uma pessoa na minha cidade, na semana seguinte após tê-la conhecido na cidade dela. 429 quilômetros nos separavam. E isso foi extremamente casual. Acredite!

Reencontrei uma antiga colega de turma num show. A menina em questão e o show, a princípio, não tinham nada em comum. Mas, surpreendentemente, eu a encontrei lá, após, dias antes, ter pensado em sua pessoa como uma dessas que entram e, infelizmente, saem de nossas vidas. Não que tivéssemos brigado ou nos afastado. Mas porque a convivência, em aula, não nos permitiu um contato mais íntimo, embora sempre tivéssemos papos interessantes e ela tenha se mostrado uma pessoa do bem, positiva mesmo.

Conheci “estranhos” que, mais tarde, descobri serem amigos de amigos. Foram alguns casos desse tipo. Mas um, especialmente, me intrigou mais. Afinal, Itu é quase onde Judas perdeu as botas. Encontrar um amigo de amigo lá, meu bem, é coincidência.

Por mais que eu dissesse que o mundo todo se conhece, eu nunca acreditei nisso, de fato. Qualquer matemático ávido em comprovar com cálculos essa teoria, talvez, discordasse de mim. Um ser completamente desconhecido. Isso não existe. O “estranho” fatalmente será amigo de um amigo teu, de longa data, das antigas, e, certamente, já se jogou ao som de Cha Cha Heels com o teu conhecido. No mínimo, o estranho será amigo-do-amigo-do-teu-amigo. Considerando a população de quase 7 bilhões, isso já é coisa pra caralho. A música diz que “there are so many special people in the world”. Tá, eu acredito. Mas será que todas elas se conhecem?
Que chato hein!

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

“As consequências são as pequenas coisas”

Antes de tudo, peço mil desculpas por apresentar um texto de qualidade inferior ao que deveria ter produzido. Movida pela preguiça de ligar o computador às 3 da manhã - após assistir ao filme - acabei me castrando e me impedindo de produzir um texto que se escrevia por conta própria em minha cabeça. Não dormi. Nem fiz o texto. Assim que acordei, produzi o que disponibilizo abaixo para vocês, algo muito aquém do que gostaria.
Dia desses, Vanilla Sky passava na TV. Diante das péssimas opções que passavam, e da insônia que me consumia, optei por assistir ao filme, a contragosto de minha irmã. Comecei vendo cheia de preconceitos, achando o filme idiota – mas confesso que adorei as cenas filmadas na Times Square – o que talvez tenha contribuído para que eu não mudasse de canal.
Não sei se vocês viram esse filme, muita gente não viu porque ele foi fortemente criticado na época. Por isso, não quero ficar aqui contando sua história. O meu foco aqui é outro, quero falar em tudo em que o filme me fez pensar. Não quero impor aqui minha visão de filme, até porque cada um o entende de acordo com a sua “bagagem” de vida. Essa é a grande vantagem de um bom filme, a sua subjetividade. Ele não é um “fast food, não está pronto para o consumo, precisa ser processado, refletido, discutido.
Em Vanilla Sky, o personagem de Tom Cruise – lindo e bem-sucedido – simplesmente arruína sua vida por causa de uma escolha, feita por impulso. Naquele dado momento, ao decidir entrar no carro, ele mudou seu destino para sempre. Uma das frases proferidas durante o filme, a que eu escolhi para título de meu texto, foi a que mais me marcou. As conseqüências são, de fato, as pequenas coisas. Aquelas atitudes bobas, aparentemente inofensivas, que tomamos em uma fração de segundos, e que podem mudar para sempre nossas vidas e de todos ao nosso redor.
Quantos amores não perdemos porque o “eu te amo” ficou entalado em nossa garganta, quantas vezes o nosso orgulho nos impediu de correr atrás do que ou de quem queríamos, a vergonha e a sensatez nos convenceram a reprimir aquele desejo? Embora nosso personagem tenha pecado pelo excesso, admito que já pequei por falta. Mas é o que disse, cada um entende o filme da maneira que lhe convier.
Em uma narrativa que mistura sonho e realidade, e que alfineta a pós-modernidade, são inúmeros os aspectos a serem comentados. Como assisti ao filme apenas uma vez, e de madrugada, confesso que não absorvi tanto quanto queria. Deixo, aqui, o meu relato parcial, e um convite: assistam Vanilla Sky, mas não como um filminho pra ver com a galera no fim de um dia cansativo. Veja, atento, se preciso, sozinho, e por favor, reflita!

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

TOCO

Antes de tudo, peloamordedeus, me perdoem vezes mil. Eu devia ter postado há 15 dias, não valho nada, estou comprometendo a sólida credibilidade que levamos anos para conquistar, que levamos anos para conquistar.
Tentarei me redimir com o texto abaixo, que escrevi quando tinha 16 anos, super influenciada pelas "Capricho" da vida e sobretudo pela luta entre os sexos, Girl Power, menino contra menina e talz. Mas acho ele engraçadinho e metido a besta, dá pra rir, divido-o com vocês.
...
Toco é a representação vocal dos sentimentos mais sublimes guardados no íntimo de cada ser humano, na maioria das vezes expresso por nós, mulheres. Ou, traduzindo, é o “Não” que você diz pro chulé que tá te aporrinhando na night. Não existe mulher no mundo, por mais feia que seja, que nunca tenha tido o prazer de dar um toco. Simplesmente não existe. Porque nesse papo de machismo, aonde os costumes deixam o encargo de tomar a iniciativa pros garotos, nós mulheres ganhamos o sublime presente de Deus de poder negar calorosamente os seus atrapalhados métodos de aproximação.

A ARTE DO TOCO

Situação nº1: A GROSSA

- Aí gatinha, qual o seu nome?
- Por que você quer saber?
- Iii... calma... só tô querendo conversar.
- Então porque tá falando tão perto da minha boca e com a mão na minha cintura?
- É porque o som tá muito alto e eu quero ouvir a sua voz que se for maravilhosa que nem o seu rostinho eu já tô satisfeito.
- Aí... boate num é lugar de conversar não, valeu?!
- Então a gente pode fazer outras coisas...
- Boa idéia... xou ir no banheiro que essa vodka desceu mal.

A situação 1 descreve uma situação bem corriqueira. A dos chatos que chegam querendo conversar. Esse tipinho é praxe nas boates mais sociaizinhas. A figura chega perguntando nome, o que faz da vida, onde trabalha, o que gosta de fazer. No meio do lenga la lenga manda várias cantadinhas e no final te convida pra apreciar a vista do cantinho do bar. CUIDADO!!! Esse tipinho é difícil de dar chega pra lá, porque vem com papo de legalzinho, e se você for grossa de primeira, ele tira o corpo fora dizendo que só queria conversar. Esse tipinho, que quer nos vencer pelo cansaço, vai odiar se você responder a todas as perguntas secamente, sem olhar muito na cara dele, e, principalmente, sem lhe fazer perguntas. Se o cara extrapolar na falta de semancol, o que provavelmente vai acontecer (não esqueça que são HOMENS), diz que vai dar uma volta. Esse tipinho acha que vai te ganhar na lábia, e não costuma apelar pros puxõezinhos de mãozinha.

Situação 2: PUXÃOZINHO DE MÃOZINHA

- (puxãozinho de mãozinha masculino)
- (tiração de mãozinha feminina)
- (puxação de braço)
- (chega pra lá feminino)
- (puxação de cabelo)
- (empurrão violento) Olha o que você fez na minha escova, muleque?!

A situação 2 é o que normalmente vemos nas noites mais destinadas a guerra como essas grandes festas a fantasia e etc... Ela narra um momento mais pré-histórico dos garotos que fazem como um “cabo de guerra” entre ele e suas amigas, com você no meio. Nesse tipo de situação realmente as amigas são a melhor solução. Esse tipo de garoto odeia os “trenzinhos” de meninas, onde umas protegem as outras dos corredores formados por esses cavernosos. Vale lembrar que é a tática preferida dos tímidos e dos péla-sacos que nem conseguem trocar uma idéia com as meninas. CUIDADO!!! Ficar com esse tipinho é se contentar com uns beijinhos e olhe lá... eles adoram é fazer número.

Situação 3: OS ORIGINAIS & ENGRAÇADINHOS

- Oi... posso te fazer uma pergunta?
- Pode né...
- Se você estivesse num jogo com um adversário muito difícil aonde fosse quase impossível ganhar, o que você faria... desistiria ou jogaria mesmo assim?
- O que???????
- É... Se você estivesse num jogo com um adversário muito difícil aonde fosse quase impossível ganhar, o que você faria... desistiria ou jogaria com ele sem medo de perder?
- Cara... eu não tô entendendo... que jogo?
- Qualquer jogo gata... você acha que eu deveria desistir?
- - Aí... num tô te ouvindo.. repete...
- Você acha que eu devo desistir?
- Desistir do que meu filho?
- Ah você sabe... você acha que o jogo tá perdido?
- Ahnnnn????

A situação 3: relata o tipinho mais freqüente em barzinhos, que chegam com um papo intelectual, ou com uma brincadeirinha aparentemente inofensiva. CUIDADO!!! Esse é o mais difícil de dar o toco final, já que todas as suas insinuações costumam ser discretas e evasivas. O segredo é se fazer de idiota, fingir que não tá entendendo nada pra que no mínimo o irrite e o faça chegar na lata, te deixando como solução o famoso “na na ni na não”.

Essas três situações ilustram o básico do básico do que costumamos assistir nessas noitadas da vida. Dar toco é sim uma arte. Se somos diretas no não, eles nos chamam de grossas, mal educadas, metidinhas. No entanto, se damos conversa pra tentar fazer um tipo legal, eles grudam no nosso pé, não entendendo que educação não é cu-doce. Logicamente o negócio é sacar qual é a do garoto e ser o mais objetiva possível sem deixar de lado a classe tão peculiar feminina. E pensar em formas de sair por cima claro... tipo.. pra que dizer o seu nome de verdade?! Aproveite esses momentos de toco para inventar mentirinhas engraçadas, deixar fluir a imaginação. Agora o segredo mesmo é o tapinha nas costas. Seja você do tipo grossa, desentendida, simpática, engraçadinha... tapinha nas costas combina com qualquer tipo de toco e é a arma mais eficaz contra os chicletes de plantão.

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

A indesejável presença da ausência

Para sentir saudade é imprescindível ter em mente uma experiência passada que possibilite-a. Talvez ela seja o sentimento mais lógico e racional que o ser humano possa experimentar. O amor, por exemplo: quantas pessoas já não se apaixonaram à primeira vista!? A raiva e o ódio também são sentimentos que precisam de segundos para se manifestar. Uma coisa quase que instantânea. Mas não efêmera. Não é isso o que quero dizer. Para atingirmos a saudade é preciso que se percorra vários estágios. É necessário que, antes, tenhamos sentido outros sentimentos – positivos. Positivo porque ninguém sente “falta” de algo que não tenha gostado, que não tenha lhe agradado, que tenha lhe feito mal - o masoquista até sente, mas isso é outra história - Ao mesmo tempo que ela seria o sentimento mais racional, visto que teria uma explicação cartesiana - sinto-falta-de-alguma-coisa - ela é a mais estranha em suas manifestações. Quando amamos, a pessoa amada é o objeto de desejo. Queremos estar perto dela, o coração bate forte ao vê-la. Quando sentimos inveja, desejamos possuir o que é do outro. Com a raiva somos capazes de matar um. Mas ao sentirmos saudade - pelo menos é assim que ela se apresenta a mim - me vem uma dor em meu coração. E essa dor não é física, não é tangível.
Automaticamente, ao pensar na palavra, me vem à cabeça lembranças felizes e outras nem tanto.
Penso em meu pai, que partiu tão cedo. O tempo que me distancia de sua presença faz com que seu rosto desapareça de minha memória.
Recordo minha infância, cheia de inocência e crenças que, hoje, me parecem difíceis de serem postas em prática.
Lembro de amigos que estão distantes e, curiosamente, próximos – fato esse possibilitado pela saudade.
Dia desses conversando com miss Piller, chegamos a uma conclusão curiosa: existem vários tipos de saudade. E esse sentimento se manifesta de forma singular para cada pessoa/situação/recordação. Não que ela seja maior ou menor. É apenas singular. É única. Uma experiência de saudade parece que foi criada apenas para aquele caso específico. Você não conseguirá repeti-la com outra pessoa/situação/recordação.
Em pelo menos uma coisa ela se assemelha aos outros sentimentos: ela não pode ser dimensionada, mensurada. Pouca, muita, mais-ou-menos. Ela É. SENTIMOS.
E, cabe a nós aprendermos a conviver com ela, na busca incessante de deixarmos de experimentá-la. Em alguns casos – e, infelizmente, só para alguns – desejamos não senti-la, erradicá-la de nossas vidas, tornando presente o objeto em falta.
Por isso, se possível, atenda ao meu pedido: MATEMOS-NA.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Teorias insanas de um louco consciente

Por FELIPE ZERVELIS
Estou aqui, numa forma não mais do que DESESPERADA de provar minha imensa insanidade, agora fora do meu grupo de amigos que ignoram cada minúcia de minha teoria. O fato é o seguinte: Creio poder influenciar cada movimento que acontece na Terra. Como seria possível um ser tão INSIGNIFICANTE como eu exercer tamanho poder sobre os grandes acontecimentos que são manchetes em nossos jornais no dia a dia ? Seria possível eu ter contribuído para a queda dos últimos aviões ? Ou melhor, seria realmente aceitável o fato de você estar lendo isso influenciar a hora que você irá escovar seus dentes ? Pronto. Agora você tem a certeza de que eu sou doido mesmo, assim como todos acham. Eu só vou tentar me explicar por pura e completa teimosia. Vou usar meu próprio texto como exemplo do que estou tentando “provar”... Ao ler esse texto, supõe-se que você estará perdendo uns 5 minutos do seu dia. Possivelmente você irá sair do computador num SEGUNDO (falar milésimo seria forçar a barra) diferente do qual sairia caso não estivesse lendo esse texto. Se concordar, prossiga. Caso contrário, agradeço muito por você ter perdido seu tempo até aqui.

Todos os seus movimentos a partir desse estarão comprometidos pelo movimento inicial. O momento em que você vai botar a mão na maçaneta para abrir a porta. O momento em que o elevador chega. Enfim... Você pode acabar parado num sinal de trânsito que antes não iria parar. Mas PERAI. Supondo mais uma vez que você é o primeiro da fila... O carro de trás quem sabe poderia ter sido o primeiro se você não estivesse lendo isso aqui. Aff... Só que o motorista do carro de trás ao invés de focar o campo de visão num pedestre atravessando a rua, por exemplo, acaba olhando o seu carro. Isso acaba por fazê-lo desviar o pensamento por um segundo. Quem sabe buzinar, ou até acelerar o carro num segundo diferente e pegar algum outro sinal que não deveria ter pego, fazendo ele chegar no trabalho uns 5 minutos depois.

Vamos esquecer que você EXISTE. Estou agora destacando o cara do carro de trás. Esse cara chega ao trabalho em outro momento, cumprimenta a secretária no momento em que ela ia fazer uma ligação pra Escócia. Isso desvia o pensamento da secretária e o seu campo de reação mesmo que por alguns poucos milésimos. Ela pode não falar as mesmas palavras no mesmo segundo. PRONTO. Você mudou inclusive o destino da Escócia por estar lendo (ou ter lido) esse simples e desprezível rascunho de maluco a partir do momento em que a secretária muda seus gestos ao fazer a ligação. Se não existisse telefone ou outro meio de comunicação moderno, o efeito seria também inovador, contudo a velocidade não seria tamanha.

Esqueça agora que o cara do carro de trás existe. A secretária vai chegar em casa num segundo diferente ao que iria chegar se você não a tivesse cumprimentado naquele momento. Quer porque pegou um sinal fechado, quer porque resolveu parar numa banca de jornal porque deu vontade. Naquele dia o maridão tava empolvoroso e eles foram dar umazinha. PRONTO. Ela engravidou. Mas você acha que sua leitura inicial a esse texto não tem nada a ver com isso? Óbvio que tem. Ou você acha que naquela fecundação, o espermatozóide vencedor não foi outro? O segundo foi único. Você ajudou também a formar aquela face que irá um dia precisar de fraldas. Isso quebra a teoria do XY +XX = XX (sexo feminino) ou XY (sexo masculino)... A partir de agora o indivíduo Z também faz parte. Logo, XY+XX+Z = XX ou XY. (Perdoem –me os que não se encontram em nenhum dos casos). Agora elevem tudo isso que você leu aqui a terceira potência. Aliás, a décima. Tudo está interligado e tudo influencia o meio que o cerca. Obviamente, se você está agora dormindo em casa você não está influenciando diretamente NESSE MOMENTO o casal que está na República Tcheca comprando leite num supermercado. Você já o fez. E sinceramente, aos que acreditam em destino eu só posso respeitar. Mas se tudo isso aqui fosse traçado, qual seria a verdadeira graça ? Ou melhor, quem traçou o caminho da bandidagem e da infelicidade? Aos que não acreditam em ambos e preferem não pensar em nada, só posso dar graças a Deus. Você é bem mais normal que eu.
[Felipe Zervelis é leitor do blog]

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

anotações da aula de psicanálise

Estou fazendo esse período uma matéria chamada Cinema e Psicanálise que tem me feito pensar em muitas coisas. Entre elas, como a psicanálise é uma religião. Um dia desses a professora, uma mulher interessantíssima, exemplo de como envelhecer bem, verbalizou minhas dúvidas: -Freud é meu pastor e nada me faltará. Falou em sala, juro.

Estou grávida, como alguns já sabem. Volta e meia fico pensando nas coisas que minha filha anda ouvindo na faculdade. Divido com vocês algumas anotações (e meus pensamentos) da aula de psicanálise:


Nossa idéia de realidade vem da dinâmica da construção do nosso EU pelo outro (desde, PRINCIPALMENTE, a infância).

[Também acho, estamos o tempo inteiro nos enxergando pelo olhar dos outros. Ninguém é ‘alguma coisa’ por si só, mas no olhar do outro. Se afirmar faz parte, todos estamos tentando nos construir apoiados nas opiniões dos outros. Agora, vamos escolher ‘espelhos’ melhorzinhos, né?! Por que tem umas opiniões andando por aí que ninguém merece.]

Angústia de Freud: por que não paramos de representar, pensar? Por que nem no sono cessamos/saímos do mundo da linguagem? Aonde queremos chegar?
[Pode crer, que loucura.]

Passamos a vida inteira ‘falando’ para tentar preencher o vazio da falta de sentido da vida.

[Cara, genial. E falar aí no sentido de todas as produções, inclusive artísticas. Se a gente não inventar o sentido da vida, bicho, ela não tem. Por isso eu ando super a favor das religiões, eu tive uma fase revolt, marxista, mas voltei. Vamos inventar sim o sentido da vida, qual o problema das invenções e artificialidades?]

Desde cedo aprendemos que é impossível ter satisfação plena. (Complexo de Édipo). O útero é o paraíso perdido, nossa única experiência de ausência de desejo. Na “sociedade freudiana” os indivíduos sabem lidar com essa ‘falta’, inerente ao ser humano. É essa falta que movimenta nossa sociedade e constrói a civilização.

[Nessas horas eu penso na bebê. Mas também acho essa parte do Freud a mais religiosa de todas. Ele é que pensa que o ser humano tem a consciência da ausência de desejo no útero, quero ver provar. Mas concordo: não existe satisfação plena. Não acho que seja motivo para se acomodar nos desgostos, mas a pirada busca por satisfação full time é ilusão da fuderosa. Precisamos de limites, de castrações para viver em sociedade. Não quer, chora nenêm, se enfia no mato, mas sozinho, porque se juntar mais 3 revoltados vira comunidade hippie e daí as regras (mesmo que piradas) voltam.]

Pensadores contemporâneos consideram nossa época marcada pela “falta de pai”, ou seja, ausência da Lei, sociedade que promete o gozo pleno, discurso contraditório à lógica da castração: “Se você se esforçar, o gozo pleno é possível”. Consumo como sentido da vida. Discurso pós-moderno: não fica-se triste, mas deprimido. Depressão cura-se com remédio.

[Estou fazendo minha pesquisa sobre consumo e minhas leituras até agora foram ótimas. Esse mundo de comercial de margarina, as promessas da publicidade, esse discurso entra nas nossas veias e a gente fica achando que é possível a família perfeita, o sorriso perfeito, a namorada perfeita. Onde foi parar a melancolia? Por que parece tão insuportável ficar triste? Eu sou a favor da tristeza, que isso, curtir uma fossa é lindo. Curtir uma, e não cair de vez.]

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Nike, Adidas, Puma... Qual é a sua?




Mamãe sempre me diz uma coisa, “para você saber se uma pessoa é caprichosa, olhe seus sapatos, se eles estiverem limpos, ponto positivo”. Eu concordo e vou além. Para mim, calçados podem mostrar QUEM uma pessoa é. Com base em observação participativa, faço algumas considerações dentre os usuários de algumas marcas – algumas, visto que este texto não se propõe conclusivo e, portanto, abrangente.

Sendo assim, temos:
Nike: por ser uma marca que todo mundo usa, não tem uma identidade, transitando, assim, entre vários – muitos - grupos. A pessoa deve ser vista sob suspeita. Se estiver usando um Nike Shox então! A melhor saída é olhar para o todo, para o look. Eu o vejo nos pés de pessoas completamente over – brega mesmo – e em outras que têm um estilo definido, que participam de um determinado grupo(hip hopers, amantes do axé, patys, playboys). Esse é um tênis muito confuso...


Reef: o queridinho dos skater boys. Embora eu veja alguns não-pertencentes à tribo utilizando-se do calçado, em sua maioria, seus usuários são compostos por skatistas, surfistas e afins.


Adidas: Geralmente, seus usuários têm um estilo definido, são, o que poderíamos chamar de, estilosos – por ser um dos meus preferidos, designo seus usuários assim. Ou você, caro leitor, acreditava que eu seria imparcial nesse humilde veículo de comunicação? – Existem aquele adidas basicão (branco com listras azuis) que todo mundo tem – menos eu – e os mais “estilosos”, em cores fortes ou bordados, o que reflete uma certa personalidade por parte de seu calçador.


Puma: A meu ver seria parecido com o Adidas. Além de estilo, transmite um certo status, visto que seus modelitos são carinhos. O público-alvo é parecido.


Diesel: Também têm estilo, mas seus pisantes são MUITO caros. Se teu orçamento não permite, ou se você não tem um amigo que more no exterior – mesmo que ilegal – desista deles. Geralmente, por sua linha não ser tão teen, calçam os profissionais em ascensão, ou os já estabilizados. Para quem procura fazer um bom casamento, o acessório pode servir de termômetro.


All Star: como acredita Flavinha, esse calçado seria destinado ao novo – e confuso -segmento que se apresenta: os alternativos. Já ouvi esse termo designando vários grupos, como os sambistas freqüentadores da Lapa, os rockeiros indies, os emos... É muita informação. Ele pode ser sim dos rockeiros indies, dos emos, e dos sambistas também. Mas, diferente do nike, convenhamos: seus usuários têm o que poderíamos chamar de atitude. É preciso um certo carão. Afinal, não é qualquer um que consiga sustentar um all star. E quanto mais distante do pretinho básico ou do bege visto com as patys, mais estilo ele emprega ao usuário.


E nessa minha tipificação nem citei os ultrapassados sapatos camurçados-com-cadarço que estiveram na moda há uns 6 anos. Usar um desses é atestado de breguice. O mesmo vale para os sapatos cor de mostarda ou marrom quando combinados com jeans e t-shirt.


O pior é que, quando você acha que conseguiu definir tipos, estando imune aos possíveis enganos que a vida nos reserva, vem as havaianas e fodem com tudo. Patys, playboys, emos, sambistas da lapa, gays, indies e mais outras dezenas de segmentos usam as famosas sandálias. E isso independente de classe social, raça ou credo. É bem como diria o slogan, “havaianas - todo mundo usa”.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Listrinhas na BaRoNeTTi

6:30 da manhã. Estava eu no ponto de ônibus quando, em meio ao meu marasmo de sono, percebo que um cara não tira os olhos de mim. Olho para os lados, olho para trás, não há ninguém atrás de mim. Não, eu não tenho problemas de auto-estima, nem nada do tipo. Mas cara, eram SEIS E MEIA DA MANHÃ, e um cara com um estilo digamos, diferente do meu, estava me paquerando?!? Não, eu não sou preconceituosa ou algo do tipo, mas, cá entre nós, todos analisamos as pessoas pelas roupas que vestem. “Moda é o cérebro por fora”, já dizia a frase genial de Maurício Azevedo. O que estou tentando dizer é que, por mais displicentes que possamos ser no ato de escolher o que vestir, sempre queremos dizer algo.
Existe uma clara identificação visual entre grupos.
As patricinhas, os playboys, os (acredito que) extintos mauricinhos, os cults, pseudo cults, alternativos em geral, punks, minimalistas...Enfim, o fato é que sempre reconhecemos membros de determinado grupo pelo modo de se vestir. O curioso é que muita gente não é fiel a esse tipo de código de vestimenta social, e acaba transitando entre diversos estilos. Eu sou uma dessas pessoas. Desse modo, acabo causando alguns mal entendidos, como foi o caso desse dia no ponto de ônibus.
Bem, o referido menino entrou num ônibus e eu continuei, intrigada, pensando o que esse cara teria visto em mim. O cara usava bermudão jeans, all star, casaco enorme, típico alternativo/casa da matriz, eu diria. Mas então, que graça teria ele visto em mim? O fato era que eu vestia uma blusa listrada, que havia comprado apenas porque as listrinhas em rosa me pareceram bonitinhas. Foi então quando me lembrei do comentário de uma amiga minha, sobre camisas listradas estarem na moda entre os alternativos. Ela havia conhecido um cara com uma camisa dessas e ele freqüentava a matriz. Tenho um amigo que freqüenta também e tem varias camisas assim. Embora tenha comprado por um motivo diferente, eu estava usando a maldita(ou seria bendita?) camisa listrada! Depois de me lembrar desse fato e tirar essas conclusões, a primeira pergunta que veio em minha mente foi a seguinte: mas gente, eu não to nem usando meu all star hoje! Eu,curiosamente, usava um nike shox rosa. Nada mais patty. No entanto, o impacto visual da blusa de listrinha foi maior.
Agora, você deve estar pensando que vou abandonar minha lista blusa de listrinhas, né? Pensou errado. Achei divertida essa história de brincar com estilos e de me fazer passar por “membro”de grupos diferentes. Ao invés de deixar a minha querida blusa de lado, vou continuar usando. Falando nisso, qualquer dia desses, vou com ela pra Baronetti. Divertido, vai ser, pelo menos eu serei uma, no máximo duas, com blusinha listrada, num universo de patricinhas e playboyzinhos. Quem sabe não encontro um guitarrista de cabelos desgrenhados perdido por lá?

sábado, 6 de outubro de 2007

Filosofia de botequim

Alguns posts atrás o Zé falou de máscaras e acho que é uma questão pra todos nós. Todos os dias a gente se pergunta: o que estou fazendo aqui? Tem lugar melhor pra se estar? Eu sou essa coisa que está parecendo que eu sou? E é impressionante, mas ninguém vem respondê-las. Quando somos crianças, não existem perguntas sem resposta. Crescer dói.

Estou metida a profunda e atrasadíssima com meu post, deixo uma poesia.


Todos os gatos são pardos

Estou em meio a meus inimigos
Camuflada
Bebendo o que me mata.
Sou gata
Travestida de cadela
Dançando na festa do canil.
Estou no local errado,
Na hora errada,
Com a roupa certa e mentirosa
Pra me camuflar.

E caso eu me esqueça do porque vim
Me lembre
A jornada é longa e perene
E compromissos de fé assinados
Às vezes se perdem.

Talvez seja eu a cadela
Travestida de gata travestida de cachorra
Ou não, quem há de saber?!
Absolutamente tudo está errado,
Ou não, minto,
Ainda há certezas, ralas, admito,
E muito o que consertar.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Abaixo a bunda

Mamãe sempre me ensinou a não ouvir as conversas alheias, mas, como adoro fazer isso - particularmente na praia - não resisti. Dias desses estava em Ipanema, no trecho em frente à Farme – reduto gay carioca – e ouvi afirmações do tipo: “Eu tenho medo de chegar”, “Eu também. Quando estou muito afim, eu tremo e gaguejo...” Eram três homens, de diferentes idades. Ambos eram bonitos e interessantes, ao seu modo, de acordo com a sua idade. E inteligentes também, coisa difícil de se ver por aí. Conversavam sobre seus medos e questionamentos.
Em uma coisa os três concordavam: ninguém ficava com outrem apenas por beleza física. Diziam querer mais. Um deles se arriscou em uma estimativa: “70% da beleza de uma pessoa se deve à sua simpatia e atitude”. Um outro dizia que por mais que beltrano fosse lindo, ele não tinha uma nuca bonita. Sim, NUCA, a parte de trás do pescoço. Eu gasto, em média, uma hora e meia na academia – para alguns é pouco, mas eu já acho o fim – faço Yoga, tomei Roacutan – me submetendo a efeitos colaterais como tumores intracranianos – para um indivíduo (lindo) dizer que a nuca é o que mais chama a sua atenção!? Piada! Como diria minha amiga Flavinha, esse mundo está cada vez mais louco. Certamente, descer não seria a melhor opção pra ninguém.
Talvez, as pessoas devessem dar mais valor ao potencial de suas nucas... E olha que não seria nada vulgar. Enquanto umas expõem a bunda, outras os seios, e há ainda aquelas que andam sem calcinha, nós exporíamos nossas nucas.
Seria uma verdadeira revolução. Surgiriam os teóricos que, assim como os estudiosos que têm por objeto a bundalização da sociedade, tomariam a NUCANIZAÇÃO como uma forma de expressão e tentativa legítima de obter sucesso na vida. Seja ele no âmbito amoroso, social ou, ainda, profissional.
E isso tudo movimentaria um mercado muito grande. Aqueceria a economia. Nós brasileiros, que somos referência mundial no campo da cirurgia plástica, criaríamos algum procedimento para melhorar a aparência dessa parte do corpo. Revistas masculinas, femininas e gays, ao invés de mostrarem o órgão sexual, explicitariam com toda a ausência de pudor uma bela nuca. Eu só aceitaria expor a minha por mais de 1 milhão. De Verdinhas, claro. Tá pensando que minha nuca é pra qualquer um ver!? Pêra aêêêêê... Eu mostraria minha nuca sim, mas seria algo estritamente profissional: assimilaria algumas técnicas teatrais, pensaria numa personagem e estaria pronto pro ensaio fotográfico. De repente, até tomaria um pró-seco pra relaxar.
Loucura!? Talvez. Pelo menos eu teria mais tempo para ir à praia e ouvir conversas que me inspirassem à escrita. E, ainda, bronzearia minha linda nuca.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

A arte de (Não) saber como fazer amigos

Fazer amigos sempre foi um mistério pra mim. Não que não os tenha, pelo contrário, mas o fato é que nunca sei como me torno amiga deles. Quando me dou conta, lá estão eles, andando comigo pra cima e pra baixo, me confidenciando coisas e vice-versa, deixando saudades. Ao mesmo tempo em que acho isso interessante, já que podemos perceber que as minhas amizades são processos absolutamente espontâneos, existe um mero detalhe: não sei fazer amigos por interesse.
Aquilo que tem tudo para ser uma virtude, pode se tornar um problema em determinadas situações. Venho tentando ser sociável e simpática na maior parte do tempo, pois quero conhecer pessoas novas. Até agora, nada tem dado certo. Continuo fazendo a linha não se aproxime. Os professores dizem que sou séria demais, aqueles que não me conhecem, que sou tímida – mal sabem eles. Basta uma festa, e pronto, virei fofoca! Sabe aquela menina, a Flávia? Aquela quietinha, super calada, com cara de santa...tava parecendo uma louca naquela festa...como pode, né? Comigo sempre foi assim, minhas amigas que o digam. Sou rotulada de santa, sabe-se lá porque. Há quem diga que sou tranqüila, que não me incomodo com as coisas. Ah, poucos aqueles que me conhecem, de fato!
Falando em ser sociável, ando muito confusa.
Não sei mais quando incomodo em uma roda de conversa. Outro dia encontrei uma amiga e um conhecido conversando. Pessoa sociável que sou, me juntei a eles na conversa. Mais tarde, fiquei sabendo que estava atrapalhando alguma coisa. Eu, em minha concepção inocente, pensei que, uma vez que o indivíduo tivesse namorada, não estaria atrapalhando nada – besteira minha! Hoje em dia, não sabemos de mais nada. Relacionamentos não significam mais impedimento de ficar com outras pessoas, a lógica tradicional homem e mulher já se foi há muito tempo. Relacionamento a dois então? Não necessariamente! Às vezes, você se junta a um trio pra conversar, e está atrapalhando os planos futuros deles.
Não sei muito bem como cheguei a esse imenso parênteses no meio de meu texto sobre amizade. Talvez haja algo de pós-moderno, de desconstrução por aqui, influências de Rose Marie talvez. Não que eu queira competir com seu belíssimo texto, obviamente, até porque são estilos diferentes. Enfim, a pós-modernidade é legal, mas dificulta minha vida. Tento driblar o individualismo, a vontade de ouvir o meu ipod e esquecer do mundo, tento parecer sociável. Eis que, quando menos se espera, estou segurando vela! Ah, esse mundo está muito complicado...
Gente...pára o mundo que eu quero descer!

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Andam falando por aí do homem contemporâneo. Ninguém me entrevistou. Deus está morto, eu concordo. Freud também. O Estado. A filosofia. Dizem da fragmentação do eu, deixem eu me apresentar. Geminiana, terceiro decanato, nascida antes da constituição de 88 e depois do surgimento da Xuxa.

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Não conheci o Lamarca, não quis o fim da ditadura. Não pintei a cara, não comprei nenhum manifesto antropofágico. Compro cds pirata, baixo discografias completas na internet. Vejo graffitis nas ruas e já distinguo o traço de alguns artistas. Não uso brincos nem pulseiras, meu celular custou 50 reais. No ônibus, só sento na cadeira do corredor, escondo dinheiro no meu sutiã. Ando rápido pelas ruas do Centro, vou à Lapa suja fingir que comemoro a boêmia do carioca, como num podrão temerosa do mundo invisível dos organismos, jogo latinha na rua, bondade com o catador.

Ouço defenderem pena de morte pra arrastadores de crianças pelas ruas da cidade, vejo bandidos políticos reeleitos. O sistema partidário é que é o problema. Lan Houses em favelas, pescoços de crianças com cartões magnetizados pendurados. Motoristas de ônibus não param no ponto e sorriem do poder que têm. Os ricos fazem yoga, análise e pilates. Os pobres fazem churrasco no bar da esquina e compram tvs de plasma em 50 vezes.

Na cadeira da faculdade, vejo falarem sobre mim e meu tempo. Só desconstrução, foi só isso que aprendi. Minha religião é fruto do positivismo europeu do século XIX, racional até o cú. Jesus ninguém sabe se existiu ou se fez o que seus não-contemporâneos evangelistas disseram. Nosso Estado se sustenta da despolitização. Nossas leis feitas pela Coca-Cola, Usineiros de Alagoas S/A, Latifundiários do Pará não são sequer o que estão escritas. Depende do humor do juiz, da linha filosófica que ele, do tempo em que se tinha uma, segue.

Todos são corruptíveis e tentar não ser pode jogar-me fora do sistema. Sou brasileira. Estou presa na rede relacional que passa pessoas na minha frente na fila da boate, estudantes menos competentes ganham as vagas de estágio a que concorro, tenho aula com professores cretinos que cagam para ensinar. Preciso bajular. Se me indigno, sou mal amada. Quero acreditar que posso mudar alguma coisa, mas a força da cultura, mantedora, me oprime. O Renan Calheiros acaba de ser absolvido. Minha amiga, advogada, me conta de uma desempregada presa por roubar uma lata de leite. Jornalistas trocam palavras para que caibam no espaço de um título 3x52, trabalham 12 horas por dia, ganham 2 mil reais por mês.

Peguei onda hoje cedo. Chorei dentro do mar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Passageiros...

Às vezes penso ser a vida um eterno fluxo constante de transeuntes. Como numa rua. Ou, como canta Maria Rita, como uma estação de trem, onde ora nos despedimos, ora acolhemos. A vida é estranha. Estranha tipo... Estranha mesmo. Nem tipo a Arrasa, nem tipo o Júlio (interna). Não conseguimos manter/acumular nada do princípio ao seu fim. É assim com conhecimento, dinheiro – esse então, consumista que sou, ta difícil de acumular – outras um milhão de coisas e pessoas. Por mais que gostemos da companhia, da amizade de alguém, é (parece ser) impossível mantê-la em nosso convívio até o fim de nossos dias. São poucas as pessoas as quais acredito, fielmente, estarem presentes até a minha terceira idade – se viver até lá.

Confesso que ao longo desses 22 anos já vi – e vejo agora – uma galera saindo e outra galera entrando em minha vida. Movimento esse constante e simultâneo. Me deparei, pela primeira vez, com essa “dinâmica”de população aos dez anos, quando, por força maior, mudei de cidade. Troquei de escola, vizinhos, amigos. Na mesma medida em que eles trocaram de mim. Na transição do ensino fundamental para o médio e do médio para a graduação foram outras trocas de círculo. A própria vida nos apresenta situações onde a “renovação” de pessoas parece ser inevitável. E de cada troca, poucos restaram. Pouquíssimos.

Pessoas que, antes, juravam amor eterno se restringem, hoje, às fotografias ou aos números de perfis adicionados no orkut. As pessoas não são substituíveis. Não é isso. Mas a verdade é que elas, também, não são acumulativas. É impossível despender tempo e atenção a todos: família, colegas de trabalho, amigos – de infância, os da vida, os de night, os da escola, os amigos de amigos. Não podemos esquecer dos inimigos. Esses são muito importantes.


Essa questão – vida, estação, fluxo, passagem - merece o texto agora lido devido a uma situação recente: um grande amigo, meu atual best friend (remetendo a minha necessidade de classificar pessoas), disse ter ingressado no Hare Krishna, ou ter aderido ao – ainda não sei como lidar gramaticalmente, e muito menos na convivência diária, com a questão. A princípio tudo me pareceu muito interessante. Aprenderia algo novo, e diferente da formação cristã que recebi. Uhuuuuuull. O novo me fascina. Porém, quando soube que, na prática, a coisa fugiria – e muito - do que, até então, eu estava acostumado, revelando uma nova personalidade – muito mais zen – do amigo em questão: choque. E medo também.

Seria ele mais uma pessoa a cumprir esse papel, transeunte em minha vida? Ou isso nos aproximaria, tendo em mente que os momentos de convívio seriam outros, e não mais as efêmeras baladas e jogações? Abre parênteses(não que eu ache que nossa amizade se resuma a isso. Ele é muito completo para participar apenas desses momentos) fecha parênteses. A resposta: não sei. O fato é que ultimamente tenho me distanciado de outras pessoas que não entraram para nenhuma religião ou abraçaram causas que redefinissem suas posturas. São pessoas que tinham tudo para estar mais próximas de mim – círculo social, ambientes comuns, ideais semelhantes – e, no entanto, tornam-se cada vez menos íntimas. Desconforto. É triste olhar com estranheza quem, um dia, partilhou de intimidade. Em contrapartida, me aproximo de quem está longe. Esteja em outro estado ou outro país, a lembrança vira sinônimo de saudade. Louco isso, né?!

Talvez esteja nessa masturbação mental à toa - Será que vai ser mais um? Menos um? Encontro? Despedida? - Chega. Não quero pensar. Já está tarde, são quase três da manhã, e o sono vem. Mas o mal estar em ser deixado ou deixar, perpetuando essa dinâmica de passagem, permanece. Cansei de teorizar
.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

iPod no ouvido e óculos escuros no bloco do eu sozinho

Cultura do iPod. Cada um com o seu. Interagir pra quê? Óculos escuros: não me olhe, não perca seu tempo comigo. Às vezes, ainda existe um terceiro elemento: um livro ou algum tipo de leitura. A questão é: até que ponto esse tipo de postura não leva a um comportamento anti-social?
Ninguém precisa estar lindo, bem-humorado e disposto a conversar todo momento
, verdade. No entanto, não seria mais fácil estar sempre ausente, dentro de uma própria bolha, e não perder tempo falando com quem a gente não conhece? É fácil falar que não precisamos de novos amigos, que somos felizes com nosso circulo de amizades, mas a interação faz parte da natureza humana. Sobretudo com indivíduos diferentes. Pessoas normais cansam. Pessoas de sempre também.
Não estou aqui para pregar amizades instantâneas, efêmeras, tipo de night. Apenas tento dizer que é preciso manter mais de um grupo de amigos, sobretudo porque isso nos possibilita novos assuntos, diferentes perspectivas, outra postura. Às vezes é bom usar nossas máscaras, tirá-las de dentro do armário.
A alternância de comportamento é perfeitamente normal. Temos amigos com quem falamos mais, somos mais despojados, usamos palavrões e até falamos de putaria. Por que não? Enquanto diante de outros, somos mais recatados, passamos para a posição de ouvintes, adotamos uma postura mais serena e optamos por programas mais tranqüilos. Também não estou aqui para atacar os iPods e muito menos o uso de óculos escuros. Sobretudo porque sou adepta de ambos. Bem, vou explicar o motivo do meu texto...
Dia desses, encontrei um conhecido no elevador, e fiquei impossibilitada de conversar com ele porque o referido indivíduo estava ouvindo seu mp3 a toda altura e jamais ouviria qualquer coisa que eu lhe dissesse. E assim ocorre sucessivamente: ora somos vítimas, ora agentes da ação. Da mesma maneira que eu vivia isolada com meu iPod – inclusive em um outro momento em que nos encontramos – dessa vez, eu estava do outro lado, era a vitima. Percebi como era desagradável aquela situação.
Não proponho aqui nenhum tipo de movimento contra iPod ou óculos escuros. Gostaria apenas de levantar uma discussão acerca do assunto. Apatia às vezes é bom, mas até que ponto?

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Pequeno rosário de nossa cruel sociedade : não pode cagar no banheiro



Alguém precisa consertar essa fechadura. É só trazer uma chavezinha de fenda e crec crec, pronto. Eu já odeio fazer xixi segurando porta, é um inferno. Imagina cagar. Falando nisso, fazer cocô é muito bom. Os gays, quem diria, eles só existem porque a natureza resolveu premiar a excreção. Bela merda. Meu Deus, sabe uma chave de fenda? Da lojinha de 1,99? É só isso, comprou, veio aqui, aparafusou. Mais nada, isso aqui parece repartição pública. Odeio prisão de ventre. E o pior, sempre que eu tô com prisão de ventre eu lembro do meu ex-namorado. Ele era um desses que não caga fora de casa. Olha onde eu me meto. Ele dizia que para o cocô descer tem que sentar na privada com postura ereta, pra desobstruir o intestino. Que gênio. Putz. Odeio estar cagando quando alguém entra no banheiro. Agora é que vai me travar mesmo. Porra, vai dar pra sentir o cheiro, não vou sair daqui até que ela saia. Gente, que saco, que pressão social. Eu sei que cagar no trabalho não é visto com bons olhos, mas onde mais eu vou fazer isso? É a finalidade do banheiro, merda. Agora tenho que ficar aqui, como se fosse uma criminosa, me escondendo. Vou demorar a voltar pra sala, daí todo mundo vai desconfiar que eu tava cagando. Neeeé...paranóia. Vão nada. Ô filha, finalmente, descarguinha, bença e tchau. Adoro mulheres objetivas, sabe? Nãããooo, outra no banheiro. Que saco. A que acabou de sair já manjou que tem alguém cagando, agora vai falar pra outra. Mulher é foda, adoram fofoca, eu sei. Poxa, acho que vai sair, finalmente. Mas e se fizer barulho quando cair na água? Eu odeio esse ploct. Não sou moralista, mas é foda, pega mal, não vou fingir que não pega, porque pega. Maldita sociedade. Vou chegar pra pontinha do vaso, daí a merda cai na louça e não na pocinha de água. É o jeito. Ereta, empina o peito, garota. O teto daqui tá precisando de uma vassourada, isso aqui tá parecendo banheiro da Lapa. Ai, putz, cagar é muito bom. É um bom conselho, cagar na posição ereta. Não vou nem lavar a mão, vou vazar, dar descarga, a fulana ainda nem puxou o papel higiênico, deve estar cagando também, nem sei se o meu coco sujou o vaso, nem quero ver. E que os deuses do Olimpo me ajudem a sair linda, ilesa e irreconhecível.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Já vou avisando: preocupe-se com as entrelinhas

Dia desses fiquei alguns bons minutos para escrever um email. Confesso que pedi a opinião da Flavinha. Analisei. Reescrevi-o. E, depois de algum tempo debruçado sobre aquele objeto de grande potencial, enviei. Isso porque acredito fielmente no subtexto, nas entrelinhas, no que está subentendido. Abre parênteses( a Flavinha também acredita, agora mesmo enquanto escrevo este humilde texto, recebo via MSN um scrap, de outrem, enviado por ela para minha análise)fecha parênteses. Se pretendemos dizer “oi, tô escrevendo para você lembrar de minha existência” podemos escrever isso de uma forma mais sutil, mais implícita, daí a importância de utilizarmos subtexto. E, segundo as regras sócio-culturais de relacionamento, não podemos nos expressar da forma que queremos. Hipocrisia. Somos obrigados a dizer uma coisa, quando na verdade gostaríamos de transmitir outra. Pois então... Não é que a resposta para o tal email se resumia a um “oba!”. Broxante.

O problema do subtexto está em, muitas vezes, super-estimarmos a capacidade cognitiva do interlocutor. Eu faço isso. A merda é que, por vezes, ele nem sabe o que é isso – e muito menos não faz idéia do tempo gasto para escrever a mensagem a ele direcionada. Eu acredito nessas coisas, tipo “o corpo fala”, “o poder da persuasão” e blá blá blá. Mas não seriam essas crenças exclusivas do povo da comunicação, letras e artes? Por terem, teoricamente, maior sensibilidade. Talvez!

O fato é que, baseado em análises de caso, concluo:

Atores: geralmente entendem o recado. Vira-e-mexe até retribuem na mesma altura. Essa troca de informação, com eles, é interessante.
Economistas: demoram a pegar no tranco, mas quando entendem o recado, entram no jogo. Mesmo tendo uma certa simpatia pelos números e, conseqüentemente, dificuldades com a escrita, são bons interpretadores – e o melhor, acham suas “mensagens” um máximo e colocam sua auto-estima lá em cima.
Médicos: esses são os piores. Você escreve mil caracteres de texto e, talvez por uma boa capacidade de síntese, respondem basicamente em uma linha. E não entendem o recado, a mensagem a ser transmitida. Nunca. É terrível. Com esse tipo, o melhor a fazer é desenhar.
Jornalistas/povo da comunicação(publicitários, cineastas, marketeiros): por serem sábios e dominarem a escrita – momento egocêntrico – utilizam, manipulam - a melhor definição - a mensagem a seu favor. Entendem o que querem, quando querem, segundo a sua vontade. É uma delícia trocar emails, scraps, sms ou qualquer coisa do tipo com eles. A coisa flui.

Continuo acreditando nas minhas teorias ditas anteriormente. Acreditarei sempre. Mas vale uma dica: antes de eu perder o meu precioso tempo pensando no subtexto, penso no interlocutor. Experimento algum subtexto na mensagem uma ou duas vezes. Se não causa efeito, o jeito é ser mais direto. Como estou numa fase sem filtros e, portanto, não me importando com o que irão pensar, se pretendo dizer “Oi quero te ver”, não escrevo. Ligo e falo “Vamos nos ver a que horas?”

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

“There are so many special people in the world…”

Já dizia a nova música da Vanessa da Mata. Estou num momento muito assim, querendo conhecer pessoas, e achando todo mundo muito interessante. Ando falando muito de mim, de tudo o que me interessa, e que está ao meu redor. Egocêntrica? Talvez, mas pra quem andava depressiva(vide primeiro texto), olha o progresso! O fato é que continuo me achando especialmente interessante, a diferença é que descobri que tem muita gente assim espalhada por aí! Independência é a palavra de ordem. Incoerência também. Quem foi que disse que tudo na vida precisa de lógica?
Esse texto, por exemplo, não faço a menor idéia de onde queira chegar com todas essas linhas. Escrevo porque gosto, apenas. Talvez o barulhinho do teclado me agrade. Talvez ver as letrinhas aparecendo na página em branco do Word seja relaxante. Só sei de uma coisa, estou inquieta. Nada me detém por muito tempo. Exceto escrever. Frases curtas. Diretas. Telegráficas. Traduzem essa sensação. Seu Jorge já não me importa mais. O som do teclado é muito melhor. Estou devaneando, seria a melhor definição do que estou fazendo. Mas gente, eu comecei com a frase da música da Vanessa da Mata, agora falo de barulhinho do teclado? Total ausência de sentido. Que nem os nossos pensamentos. Quantas vezes não nos pegamos pensando em uma coisa totalmente sem relação com a outra do nada? Os pensamentos parecem brotar em nossas cabeças sem a menor inibição. Capacidade de concentração? Nunca fui muito boa nisso.
Minha mente vai e vem a todo momento, todos os detalhes me atraem, me lembram algo ou alguém. Sou um livro de memórias vivo. Super caótico. Grande contradição essa. Sou incapaz de decorar um simples nome. Mas me lembro de tudo em detalhes. Me peça pra contar uma história que aconteceu anos atrás? Mas voltando à Vanessa da Mata, o fato é que o mundo está cheio de pessoas interessantes. E elas vivem andando por aí, lado a lado com a gente no meio da rua, o problema é que vivemos fechados em nosso mundinho interior, dos nossos problemas, dos nossos amigos, da nossa família. Eu sempre me vi muito fechada com relação aos outros.
Quem foi que disse que preciso de novos amigos? Já tenho muitos, e me falta tempo para dar atenção a todos eles. Mas é preciso buscar nos outros aquilo que nos falta. E, para isso, precisamos nos abrir aos outros. Eles sempre podem te trazer algo que você não tem e que muitas vezes nem sabia que estava procurando!

terça-feira, 31 de julho de 2007

REFLEXÕES HOMOFÓBICAS DE UMA SOLTEIRA DESESPERADA

Gays, felicidade pura. Fazem paradas, blocos de rua, beijaço público, fazem filmes e concorrem à Oscar, tem boates exclusivas, têm bandeira. Okok.. parabéns.. já curtiram bastante?! Para nós, mulheres heterossexuais, a graça acabou faz tempo.

Bisavós se chocam ao ver homens se beijando, quase parada cardíaca; avôs viram a cara e protestam alguns injúrios, já os pais, bom, de repente o seu pai é gay e você não sabe (ou sabe sim). Enfim, nossa geração já está bem imersa nessa nova realidade: mulheres namoram mulheres e homens namoram homens. Mais: estou notando uma obrigação por parte da parcela pseudo-cult da zona sul: uma gatinha da lapa que não cogita beijar outra mulher é careta, (ai garota, fala sééério). Meu texto seria idiotíssimo (e talvez até seja) se quisesse tratar disso.

O problema é: as estatísticas - leia-se IBGE - indicam que há, no Brasil, 24 milhões de gays (entre homens e mulheres, naturalmente), ou seja, 14% da população. Para cada 100 mulheres, no Brasil, existem 95,7 homens – o que aqui no Rio de Janeiro muda para cada 100 gatonas, 86,5 homens. Pasmem. Se antes já sobrava mulher, imagina agora, com o boom dos gays, que de acordo com minhas observações, são em sua grande maioria homens?!

Gostaria de apenas esclarecer uma coisita aqui. É um título bem sensacionalista e mentiroso. Esse texto não é homofóbico, O Zè, gay, foi quem me incentivou a materializar as seguintes reflexões (que antes só circulavam no nossos papos matinais) e sua divulgação. A questão é mais profunda. Não queremos casar com os gays. Quero mais é que eles se divirtam entre si.

O problema é o subproduto dessa ‘revolução’. Muita mulher. Pouco homem. As mulheres maravilhosas começam a baixar o nível, já que não existe quantidade de homens maravilhosos correspondente. As mulheres maravilhosas começam a ficar com caras mais-ou-menos. E assim a escala vai descendo, descendo, descendo. E nós nos submetemos a envolver com homens cada vez mais “furados” só pra não ficar na seca. Isso é preocupante a longo prazo: a sobra de mulheres está mexendo com a cabeça deles, sexo masculino.

O barrigudinho, ligeiramente obsessivo, arrogante, que usa um perfume péssimo, que tem duas cáries no dente, que nunca leu um livro inteiro, ou se leu, foi o Harry Potter, pois bem, esse cara, sem qualquer esforço, tem um leque de umas 5 mulheres querendo ficar com ele. E nós, mulheres, temos que paranoicamente nos especializar cada vez mais. Lemos filosofia, física quântica, assistimos aos filmes do Felini, Godard, Glauber Rocha.. cara... malhamos, nos mantemos bronzeadas, gastamos horrores em roupas, perfumes bons, maquiagem... fazemos análise, queremos ser pessoas melhores, nos espiritualizamos, yoga, Tantrismo, buscamos bons empregos.... mas nada. Ficamos solteiras se não decidirmos baixar o nível de nossas expectativas em relação aos homens.

Está um clima de nervosismo. As mulheres estão em povorosa. Dão em cima, desesperadamente, de caras casados, comprometidos, de caras feios. E esses homens desqualificados?! Eles estão se achando. Esse é o pior. Acham que são demais só porque têm atrás deles uma meia dúzia de mulheres zumbi, lutando contra a solidão.

Sempre existiu uma paranóia compartilhada entre as mulheres de “ficar para a titia”. Inclusive é normal vermos muitas mulheres de 40 anos, solteirassas, desesperadas para arrumar um namorado, freqüentando boates, sambas, Lapa, Glória, Nuth. A minha previsão é: nossa geração sofrerá mais ainda desse mal, somos as mulheres perdidas. Daqui a 20 anos não vai ter Escravos da Mauá nem Estrela da Lapa onde caibam tantas coroas solteiras.Tem que haver uma solução para isso.

Eu prevejo duas, pra não dizerem que meu texto é suicida: a primeira é uma campanha em massa para ajudar as mulheres homossexuais a se descobrirem. Acho que incitar a homossexualidade feminina é uma boa forma de reduzir a concorrência, e é um serviço prestado àquelas que possam estar com medo de encarar a sociedade. SIM MENINAS! Encarem essa visão pequeno burguesa em que só o casamento homem-mulher vale na produção de novos proletariozinhossss! Vamos lá, descubram seu verdadeiro eu (e não vale só dar beijinho em outra fêmea para entrar na moda, viu?! Vira, mas vira com tudo!)

Segunda: o casamento poligâmico. Lá no Islã os homens morriam muito na guerra, sobravam muitas mulheres, e sabiamente eles convencionaram o uso do “um cara casa com dez mulheres” e namora mas não sei quantas escondidamente. Precisamos elaborar novas respostas culturais para os problemas sociais atuais, gente. Talvez essa coisa da monogamia, como já dizia a galera dos 60, esteja mais do que fora de moda, seja uma ilusão, um perigo de Estado.

Alguém tem uma solução melhor?


segunda-feira, 23 de julho de 2007

Cansei: hora de trocar a personagem. E agora?

Eu tô numa fase meio assim... meio sei lá... de transição, por assim dizer. Como seria esse momento? Eu não sei do que eu gosto, não sei o que me apetece, o que me dá prazer. Não que me falte alguma coisa. Essa sensação é menos por falta que por opção. Os seres humanos estamos vivenciando uma época que temos de tudo, porém essa variedade não é, nem de longe, sinônimo de qualidade. Eu já passei horas ouvindo Marisa Monte, já gritei com a Ana Carolina e, agora, o que me satisfaz é ver o sol raiar tendo house music ou Madonna como fundo.

Às vezes, penso ser eu inconstante. Minha amiga Rosa disse certa vez que eu não precisava estar feliz o tempo todo, podia estar triste também. Inconstância. Mas na verdade – na minha verdade – acho que não consigo ser fiel às coisas por muito tempo. Mamãe diz que enjôo das coisas facilmente, que demoro a conseguir uma coisa, e quando consigo, largo logo depois. Não que eu seja mimado, longe disso – embora algumas pessoas acreditem fielmente nisso (fodam-se elas) – É uma característica do ariano. Pronto: encontrei uma ótima justificativa. O signo nos ajuda nesses momentos em que nos deparamos com nossos defeitos.

Eu troco de amigos – nada muito efêmero, claro. Uma vez tendo passado pela minha vida, sempre terá estado lá - Vira-e-mexe estou com um best friend. Já foram tantos... Talvez isso se deva a minha necessidade de classificar as pessoas ao meu redor. Existem os conhecidos, os colegas, os amigos, os grandes amigos e o best friend – vale ressaltar que o João ocupa um lugar à parte, sem classificações, temos o que o Rômulo (outro grande amigo e, em algum momento, um Best Friend), chamaria de intimidade singular. Com isso, a importância que as pessoas assumem em minha vida mudam de acordo com o tempo e a fase que estou passando. Se estou numa fase de muita badalação, por exemplo, me aproximo dos amigos que costumam ser a companhia ideal para tal. Alguns convivem muito bem em vários campos: são amigos da faculdade, são amigos de baladas, de papos cabeça, de programas cults.

AFF. Que volta dei. Tudo isso para falar que estou de saco cheio do Zeh, aquele que causa. Eu fui uma criança tímida, mais tarde um adolescente que se descobria e descobria o mundo e, à medida que isso ia acontecendo, ia se soltando. Segurança e amadurecimento fizeram com que eu aprendesse a trabalhar com a timidez e a me mostrar mais para essa coisa medonha que é o mundo. De uns tempos para cá, comecei a ser muito mais sociável, muito mais aberto aos momentos interacionais do que sempre fui. Era ela: o Zeh, aquele que causa.

Pra mim, na pós-modernidade – para alguns amigos estaríamos na ultra-modernidade, eu acho muito mais simpático a idéia de uma pós – o homem assume muitos papéis, todos, ao mesmo tempo, e agora. Somos filhos, cidadãos, consumidores, amigos e blá blá blá. Dentre essas muitas personagens – alguns chamariam de máscaras -, eu criei uma, a minha, pessoal e intransferível. Ela me ajudou muito, confesso. Conheci metade do RJ, distribui sorrisos pra outra metade, dancei. Me joguei. Tudo muito eufórico. Artificial nunca – intensidade é outra característica do ariano. Só que agora, estou começando uma outra fase, mais calma, mais tranqüila, mais IN, por assim dizer. E esse Zeh tá me cansando. Porque as pessoas esperam atitudes dele, frases e posturas. O Zeh que causa me cansa.
O problema – felizmente – é que não podemos jogar personagens na lata do lixo, né!? É preciso conviver com ela. Ela sempre vai estar lá. Basta saber usá-la na hora certa, no momento ideal. Anuncio a todos: o Zeh vai ficar de stand by. Mas isso também não é pra sempre, imutável, o fim. Na vida, nada é pra sempre, se fosse, isso seria no mínimo cansativo. Pensar no “para sempre”, que vemos nas histórias infantis, é enfadonho. O Zeh sempre vai estar lá para que eu possa recorrer a ela quando eu me entediar dessa fase In. Uso e abuso. Eu serei o sujeito da ação e não o paciente. Uso a personagem, e não o contrário. Daí, quando eu menos esperar, ela baixa. Saio da mesmice. Tudo isso sem o menor sentimento de culpa. Regressão, imaturidade, incoerência? Inconstância. Salve a Rosa!

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Quanto mais eu vivo, mais eu aprendo sobre a vida, e mais destrambelhada eu fico, sobretudo porque viver é muito doido!

Não encontrei maneira melhor de retomar meus devaneios do que a partir dessa frase. Proferida durante uma despretensiosa conversa por MSN, não é que ela fez sucesso? Tudo o que eu queria era expressar a minha perplexidade com a vida, em sua totalidade. Quanto mais paramos para refletir, e tentar compreender o porquê das coisas, ou pelo menos encontrar lógica na maneira como as coisas acontecem, esta se torna uma busca incessante, uma vez que não chegamos a lugar nenhum. Virei filósofa, tudo fruto de meses de ócio pós melhor viagem da minha vida. Para quem não sabe – a maioria de vocês, pelo menos eu espero, porque significa que esse texto está sendo bem divulgado – eu acabei de voltar de 4 meses de work experience, que simplesmente mudaram totalmente a minha maneira de ver o mundo e de me relacionar com as pessoas. Me tornei uma pessoa mais humana, mais sensível, mais vivida, mais madura, sobretudo a ponto de admitir a própria fragilidade, embora ainda não saiba como lidar com ela. Hoje me sinto uma adulta. No entanto, essa mesma experiência que abriu a minha cabeça, me fez levantar diversos questionamentos.
Ao me deparar com todo esse mundo que existe lá fora, meu mundinho caiu: a vida é muito mais do que a rotininha que eu tinha antes de embarcar para os EUA! E agora? Desde que voltei, não consigo mais ver a minha realidade da mesma maneira que via antes...agora que sei de tudo o que existe lá fora, eu posso perceber a fragilidade desse mundinho em que eu vivo. De uma hora para outra, como num passe de mágica, tudo pode desmoronar! Visão pessimista? Talvez...mas a grande questão é...a vida é feita de fases, que nos fazem sofrer e nos levam a recomeços. Existem recomeços forçados, como casos de morte, que nos fazem tomar a frente de situações que não gostaríamos, ou assumir papéis que não estamos prontos para exercer. E existem recomeços por opção, quando decidimos jogar tudo pro alto e começar uma vida nova em outro lugar, mas com aquela certeza de que, se algo der errado, é só voltar correndo pro nosso mundinho porque ele continua lá, intacto, à nossa espera.
Todas essas reflexões e possibilidades me levaram a cultivar uma série de inseguranças, que antes nunca tinham passado pela minha cabeça. Passei a sofrer muito mais, simplesmente por me sentir mais consciente de tamanha complexidade da vida. E se eu não souber fazer as escolhas certas? E se em algum momento eu ficar sem saída? E se me sentir confusa e não souber o que fazer? Me tornei uma pessoa mais depressiva, sofria por tudo e a todo momento. Não entendia como era possível passar momentos de tanta felicidade e depois cair no nada, não ver mais graça e nem felicidade em lugar nenhum.
Uma vez conversando com minha mãe, ela me disse que eu havia amadurecido, e que a realidade da vida era aquela, não era nenhum mar de rosas. Me tornei mais decepcionada ainda, já que percebi que a vida tinha mais momentos ruins do que bons. Comecei a questionar: pra quer ser feliz se tudo vai piorar depois? Estava enlouquecendo, estava ficando pior do que a segunda geração romântica. Mas então, comecei a perceber, que pra cada obstáculo, cada dia difícil que tivesse, poderia esperar por algo de bom para consolar. E é assim que vivemos, passamos a semana inteira esperando pelo fim de semana, quando encontraremos nossos amigos, namorados, familiares e afins, e enfim, relaxaremos e nos divertiremos. A proporção da vida é essa: 5 dias difíceis para 2 ou 3 dias bons. E é assim que vivemos, contornando os problemas com as pequenas alegrias da vida.
Não existe vida perfeita e nem pessoas totalmente felizes, estilo comercial de margarina. A felicidade está em saber reconhecer e valorizar os pequenos bons momentos da vida e, porque não...nos agarrarmos a eles, como uma injeção de ânimo para quando tivermos vontade de desistir e jogar tudo pro alto. A vida está aí, para ser vivida, experimentada...devemos arriscar, e esperar sempre o melhor de tudo, e encarar os problemas e desafios de cabeça erguida.