terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um dia...

Eu quero escrever um livro. Um dia. Um dia porque acho que hoje não seria capaz de produzir os resultados que gostaria. Preciso de mais maturidade. Mas não, não sonho em viver de escrever, de tocar um blog, embora já tenha lido que o ramo rende o suficiente para viver razoavelmente bem.
Sempre me idealizei em um emprego convencional, indo para o escritório de segunda a sexta, com horário de chegada e pelo menos estimativa de saída. Aguardar empolgada a chegada do fim de semana, planejar as tão sonhadas férias anuais, receber o 13º. Sim, eu juro: quero ser igual a todo mundo!
Não quero ser freelancer, não quero trabalhar de casa. Não gosto da idéia de ser livre, de não saber o que vai acontecer na semana que vem. Não gosto de não ter hora nem rotina.
Talvez, um dia, eu largue tudo e vá viver em uma praia da Bahia, cercada de simplicidade e escrevendo a hora que me der vontade. Talvez um dia, quem sabe lá pelos cinqüenta anos, quando a maturidade bater à porta e essa minha inquietude e fome de gente dê lugar à serenidade.

domingo, 25 de outubro de 2009

Voltando

Quase um ano e meio fora daqui. Muita coisa mudou. Ok, mudanças externas, de fato: estou morando em São Paulo, Flavinha se tornou um pouco mais mulher e Rosa é mãe. Parece pouco? Talvez, sobretudo diante das mudanças internas.
Para não expor pessoas, olhemos para mim: sou jornalista formado, saí de casa, não sou mais tão politicamente correto, aprendi a gostar de sexo. Esta última, confesso, demorou um pouco. Se antes fazia para cumprir tabela e porque os outros diziam ser bacana, hoje faço por gosto, por vocação. A pessoa é para o que nasce, fazendo alusão àquele famoso filme.
A volta para o blog se deve principalmente pela minha falta de contato com o texto. Não aquele vendedor, marketeiro ou jornalístico. Mas o autoral, confessional, subjetivo que, dizem alguns, eu tão bem sei fazer - e eu acredito fielmente nisso. Se antes eu fazia um texto para ser lido, pensando no interlocutor, hoje o faço para me entender, me racionalizar um pouco.
O gerúndio do título é justamente para expressar o que este tempo verbal transmite: uma ação em andamento. Até mesmo porque, com todas estas mudanças, não quero me comprometer e dizer que voltei, passando a idéia de algo definitivo e certo. Não sei se terei saco e tempo para continuar escrevendo merdas por aqui.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Papo de Pilotis

Se conversar fosse atividade remunerada, certamente seria a minha profissão. Todo freqüentador dos pilotis da PUC sabe muito bem do que estou falando. É possível passar uma manhã inteira, ou até uma tarde, parado no mesmo lugar, sentado no busto do Kennedy (famosa “cabeça”), esperando o ir e vir das pessoas. É incrível como em questão de minutos, infinitas pessoas passam por ali, e inúmeras delas conhecidas, param para conversar. Conversas despretenciosas, assuntos sérios, desabafos, conselhos profissionais, DR’s, e por aí vai. Talvez muitos relacionamentos já começaram e terminaram bem ali, naquela “cabeça”. Certamente, o mesmo vale para amizades. Posso, com grande certeza, afirmar que, 90% das minhas amizades puquianas foram consolidadas nos momentos entre aulas nos pilotis. Piadas, risadas, promessas, confidências, abraços, fotos. Quando o papo e a freqüência estão muito bons, o que quase sempre acontece, difícil mesmo é ir para a aula. Ao longo de 3 anos e meio de PUC, construí amizades curiosas, inusitadas, aprendi com a diversidade. Saí do tubo(interna), quebrei barreiras, aprendi a ouvir, aprendi a falar. Ninguém sabe qual será o futuro desses comunicólogos, formandos de 2008.2, mas uma coisa é certa, todos sairemos com bacharel em gente. Não há dúvidas de que, mais que um lead, ou uma peça publicitária, ou uma edição de imagem, aprendemos a lidar com gente. Embora ainda não tenha me encontrado profissionalmente, posso assegurar que fiz um grande laboratório ao longo desses anos, aprendi a lidar, a ler, a entender, a ser gente. Descobri que estereótipos na realidade não existem, e que botar todo mundo no mesmo saco é um grande pecado. Perdi a conta das pessoas que pré-julguei, e, em uma pequena conversa no pilotis, toda aquela imagem se desconstruiu. Dizem que faculdade de comunicação é oba-oba, social, que é irrelevante. Talvez, profissionalmente falando, pudéssemos reduzir nosso curso pela metade. Mas ele certamente não teria um terço do aprendizado que (todos) tivemos. Porque lidar com as pessoas, falar e escrever bem, e em nome de todos, não é uma tarefa tão fácil quanto parece. Cabe a nós, futuros profissionais de comunicação, falarmos ao mundo, e pelo mundo, e para isso, é preciso saber onde estamos nos metendo e com quem estamos falando. E, enquanto não me pagam para falar, me contento em ganhar para escrever.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

A difícil arte do desapego

Fuxicando orkuts alheios, vi certa frase que dizia laranja ser a cor do desapego. Ok, devia ter entrado o ano de laranja. Não me considero uma pessoa extremamente supersticiosa, mas às vezes pequenas coisas nos auxiliam a botar em prática nossos objetivos. Algumas pessoas entram em nossas vidas do nada, e se instalam de uma maneira, que torna-se difícil removê-las. Algumas vezes, criamos relações de dependência, o que torna tudo ainda mais complicado.
O comodismo e o medo do novo também não ajudam muito. “Não há nada melhor do que um jeans velho”, disse meu amigo Zé, enquanto conversávamos sobre roupas hoje. Assim como o “jeans velho” é sempre mais confortável do que o novo, é sempre mais fácil ficarmos com aquele emprego mais ou menos, que, embora não nos satisfaça, já está garantido, já estamos acostumados com o ambiente e as pessoas. Mudar de ares cansa, fazer novos amigos às vezes nos enche, começar ciclos dá medo.
Nunca vou me esquecer do medo que senti antes de embarcar para os EUA ano passado. Após o choque inicial, já sentada dentro do avião, comecei a me perguntar o que estava fazendo ali, porque não havia ficado em casa, com meus amigos, ao lado dos que já me amam, e que já me conhecem muito bem. Como já não havia muito o que fazer – não estava louca a ponto de fazer o avião parar – continuei a viagem, chegando ao meu destino no dia seguinte. Falo, como algumas das poucas certezas que tenho na vida, que não me arrependo nem um pouco em ter entrado naquele avião. O ato de arriscar algo novo me proporcionou uma das melhores – acredito que a melhor até hoje – experiência da minha vida. Morar e trabalhar num lugar estranho, de contrato assinado, enfrentar o frio e a saudade, trancar a faculdade. Foi preciso ser um pouco impulsiva, além de corajosa.
Casa nova, relacionamento novo, emprego melhor, namorado diferente. Chame você como quiser, todos certamente já passamos e/ou estamos vivenciando alguma situação desse gênero. Por isso, digo com toda convicção, embora tenha que admitir um certo ar de hipocrisia em minhas palavras: arrisque! Quando o medo paralisar, quando o frio na barriga bater, quando as lágrimas começarem a cair, não desista. Respire fundo, pense que para as melhores coisas da vida, é preciso ter coragem, e siga em frente. Mudanças são sempre necessárias, desapego é essencial. Ok, disso eu já sei, agora me conta como se faz?

sábado, 22 de março de 2008

Queridos Amigos

"O duro da passagem do tempo não é a gente envelhecer, é perder quem a gente gosta. Eu chego nos lugares e as pessoas não estão mais lá. Parece que o mundo vai morrer diante de mim". *
* Discurso de uma personagem da minissérie Queridos Amigos.

Eu fui obrigado a conhecer a morte muito cedo. Meu pai faleceu quando eu tinha apenas dez anos. De alguma forma o fato faz diferença no meu modo de viver, sobretudo no que se refere a pessoas. Não da forma negativa, como o medo de me entregar a sentimentos e experimentar emoções. Pelo contrário: vivo o mais intensamente possível. Passional, em síntese. Característica essa agravada por minha condição ariana.

Essa semana, fui surpreendido por uma noticia. Previsível. Uma amiga de minha mãe faleceu. As duas eram amigas há quase 43 anos. Espero, um dia, olhar para trás e reconhecer ao meu lado pessoas com igual tempo de cumplicidade. Não que o tempo se faça necessário na mensuração da importância de alguém. Longe disso. O acúmulo de anos se torna grandioso pelo fato de conviver tanto tempo, respeitando as particularidades do outro – tarefa árdua.

Diante dessa única certeza humana, tudo se torna menor. Orgulho, egoísmo, preconceito e tantos outros – maus - sentimentos tornam-se pequenos diante da certeza de morte. A vida, juntamente com nossa imperfeição, ganha um tom de efemeridade. Ao pensarmos num deadline, para todos, abandonamos nossa condição heróica e nos humanizamos. Todos estamos fadados ao mesmo fim – ou início.

Confesso ter, ainda, dificuldades para funerais. Geralmente, não marco presença nessas cerimônias. Mesmo assim, vejo o quanto tenho aprendido a lidar com este fato inevitável. Penso-o como uma passagem. Olhando para ela como a única certeza da condição humana, sinto-me, estranhamente, confortado. Mas pra que me prender a isso, se vamos morrer mesmo”. Os detalhes são apenas detalhes. E o ato de existir, a experiência de viver, apaga qualquer expectativa frustrada, seja com outro, seja consigo mesmo. Curiosamente, nesse instante, quando não espera-se por nada, a vida ganha mais cor. A liberdade de viver sem compromisso deixa a coisa mais solta. Na teoria, isso é muito positivo. Na prática, confesso, tenho tentado.

quarta-feira, 5 de março de 2008

Escolhas...

Após cerca de 3 meses de "férias", venho com meu singelo texto, atualizar o blog. Desculpem-nos pelo abandono, e espero que gostem!



Venho me sentindo perturbada, talvez a melhor palavra seja atormentada por escolhas. Elas estão em todo lugar. Desde a roupa que vou vestir às 6 da manhã – será que vai fazer frio ou calor? – até a minha vida profissional – sim, ela está ali, around the corner, esperando por mim! Escolhas, escolhas, escolhas...
Inventamos critérios, princípios, raciocínios lógicos, teorias – minha especialidade -, tudo para justificar as nossas escolhas. Alguns apontam o feeling, outros a superstição, mas uma coisa é fato: como saber se escolhemos o certo? Eis a grande questão, essa resposta aparentemente não existe.
Conselhos, reflexões, análise, Freud....nada resolve....precisávamos de uma espécie de simulacro, onde fosse possível visualizar as situações hipotéticas. E se eu escolher isso, o que acontece? E aquilo? Ai ai, vidinha complicada essa. Já pensou como seria se fizéssemos isso com cada escolha nossa? Nada aconteceria e ninguém jamais cometeria erros.
Mas e quando simplesmente não percebemos que erramos ou quando nos damos conta e já é tarde demais? Pelo visto a melhor alternativa é tentar simplificar tudo ao máximo, e deixar o resto ir se resolvendo aos poucos. Já que “Toda escolha implica numa perda”, acho que é melhor nem parar pra pensar nisso...

sábado, 12 de janeiro de 2008

Fruta madura pede socorro


Virar adulto é foda. Você começa a ter que ir no banco sozinho, é mico perguntar como faz um depósito. Descobre que tinha que ter declarado o imposto de isento. Que as contas da C&A tem que ser pagas, pois é, as contas são pagas por alguém. Aprende que depois que alguém assina a sua carteira de trabalho você passa a ser um segurado da previdência social, seja lá o que isso queira dizer. Os adultos deixam de te levar no médico, e param de perguntar se você já foi no dentista no último ano. Embora o corpo seja seu, você também não sabe quantas vacinas tomou, e terá sorte se sua mãe souber onde está a mítica carteira de vacinação. A mesada rareia e o clima do pagamento não é mais tão suave como outrora. Há um espírito de cobrança no ar. A qualquer momento alguém pode chutar você para fora, faz parte, e você será obrigado a entender. Se for pego tomando alguma droga ilícita você vai para a cela da delegacia. Se bater boca com alguém em público e mandar muito bem nos esculachos, é processado. Se perder a carteira de motorista e quiser continuar dirigindo, desembolsa 80 reais. Você entra em filas, e descobre que elas são longas, muito longas, sobretudo nos dias 5 e 10 de cada mês. Repartições públicas podem não funcionar depois das 15horas, não importa se você pegou dois ônibus para chegar até uma delas. Começa a conhecer concursos públicos, aprende a ler editais, sonha em ter coragem de jogar seus sonhos pra lá em nome de 3.500 mensais. Se decide sair de casa, conhece novos impostos, aprende que um copinho de requeijão pode ser muito mais caro do que você poderia imaginar, Habite-se, IPTU, quem mora em casa paga conta de água. Descobre que daqui a um ano estará formado, seja lá o que isso queira dizer. E um silencioso e insistente espírito de cobrança no ar.