segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Já vou avisando: preocupe-se com as entrelinhas

Dia desses fiquei alguns bons minutos para escrever um email. Confesso que pedi a opinião da Flavinha. Analisei. Reescrevi-o. E, depois de algum tempo debruçado sobre aquele objeto de grande potencial, enviei. Isso porque acredito fielmente no subtexto, nas entrelinhas, no que está subentendido. Abre parênteses( a Flavinha também acredita, agora mesmo enquanto escrevo este humilde texto, recebo via MSN um scrap, de outrem, enviado por ela para minha análise)fecha parênteses. Se pretendemos dizer “oi, tô escrevendo para você lembrar de minha existência” podemos escrever isso de uma forma mais sutil, mais implícita, daí a importância de utilizarmos subtexto. E, segundo as regras sócio-culturais de relacionamento, não podemos nos expressar da forma que queremos. Hipocrisia. Somos obrigados a dizer uma coisa, quando na verdade gostaríamos de transmitir outra. Pois então... Não é que a resposta para o tal email se resumia a um “oba!”. Broxante.

O problema do subtexto está em, muitas vezes, super-estimarmos a capacidade cognitiva do interlocutor. Eu faço isso. A merda é que, por vezes, ele nem sabe o que é isso – e muito menos não faz idéia do tempo gasto para escrever a mensagem a ele direcionada. Eu acredito nessas coisas, tipo “o corpo fala”, “o poder da persuasão” e blá blá blá. Mas não seriam essas crenças exclusivas do povo da comunicação, letras e artes? Por terem, teoricamente, maior sensibilidade. Talvez!

O fato é que, baseado em análises de caso, concluo:

Atores: geralmente entendem o recado. Vira-e-mexe até retribuem na mesma altura. Essa troca de informação, com eles, é interessante.
Economistas: demoram a pegar no tranco, mas quando entendem o recado, entram no jogo. Mesmo tendo uma certa simpatia pelos números e, conseqüentemente, dificuldades com a escrita, são bons interpretadores – e o melhor, acham suas “mensagens” um máximo e colocam sua auto-estima lá em cima.
Médicos: esses são os piores. Você escreve mil caracteres de texto e, talvez por uma boa capacidade de síntese, respondem basicamente em uma linha. E não entendem o recado, a mensagem a ser transmitida. Nunca. É terrível. Com esse tipo, o melhor a fazer é desenhar.
Jornalistas/povo da comunicação(publicitários, cineastas, marketeiros): por serem sábios e dominarem a escrita – momento egocêntrico – utilizam, manipulam - a melhor definição - a mensagem a seu favor. Entendem o que querem, quando querem, segundo a sua vontade. É uma delícia trocar emails, scraps, sms ou qualquer coisa do tipo com eles. A coisa flui.

Continuo acreditando nas minhas teorias ditas anteriormente. Acreditarei sempre. Mas vale uma dica: antes de eu perder o meu precioso tempo pensando no subtexto, penso no interlocutor. Experimento algum subtexto na mensagem uma ou duas vezes. Se não causa efeito, o jeito é ser mais direto. Como estou numa fase sem filtros e, portanto, não me importando com o que irão pensar, se pretendo dizer “Oi quero te ver”, não escrevo. Ligo e falo “Vamos nos ver a que horas?”

6 comentários:

Anônimo disse...

também sou adepta da idéia do subtexto... demoro horrores pra escrever as coisas mais simples... e sobre os interlocutores, meu problema mesmo é com desenhistas industriais... não sei nem se captam o subtexto pq nunca respondem a altura.... é terrivel... enfim...
beijos
ps: me sinto tããão especial.. adoro...

Anônimo disse...

Gostei dos questionamentos. Adoro mandar e receber mensagens implícitas: (1) porque a gente pode fingir que não entendeu quando não interessa o que recebemos; (2) a gente pode fingir que a pessoa não entendeu quando mandamos e não somos correspondidos.
É quase um jogo sem risco de derrota. Nem tanto. No fundo as mensagens não podem mesmo substituir o encontro. A sua opção final é a melhor: não há como escapar a toda intensidade da relação que se desenrola entre presentes. As mensagens ganham um roupagem diferente ao vivo: as pré-noções que criamos no silêncio de nossas solidões ou conversando com amigos podem ser totalmente rompidas por uma olhada nos olhos, por um gesto, por toda a carga de sentimentos que nenhum 'smile" na web pode reproduzir fielmente. E a idéia que fazemos do médico ou do economista... pode mudar numa fração minúscula de tempo. Quantas vezes você não ouviu uma amiga falar: "não vou dar para ele, nem depilei para não correr riscos" e no dia seguinte ela fala " dei assim mesmo".. pois é, não resistiu ao turbilhão de "expressividade" e tantos atributos que só a "coisa real" pode... hahahah

Anônimo disse...

Clarice Lispector também gosta das entrelinhas...
aliás, elas falam o que queremos dizer..........

bjssssssssssssss

Anônimo disse...

ahauahauhaau..adorei, Zeh! Eu faço o tipo sem filtro o tempo todo...acho q eu nunca tive...ahaha...eu sempre falo diretamente..essa coisa de subtexto me cansa....eu adoro subtexto, mas nas artes, nas minhas análises antropológicas da sociedade (faço o tempo todo...em cada ponto de ônibus). Quando quero ser entendida por alguém do sexo oposto q, geralmente, dificulta a coisa, sou direta mesmo..isso é bom e ruim..como tudo na vida, tem os dois lados... mas, enfim, qndo vejo, já fiz...ahha..ligo mesmo, e daí? Alguns acham q é coisa de "vagaba"...não acho. Acho q é coisa de gente segura e desencanada, pronto, falei!..ahauahau...

Beijos, amore! Adoro teu blog!

Flávia Feijó disse...

Como vc mesmo disse no texto, eu tb sou adepta de subtextos...e como! hahah
Realmente uma pena que nem sempre sejamos compreendidos...c'est la vie! haha
mas olha...tem gente que eu achava que era caso perdido e que às vezes, me surpreende! haha
beijos amore

Anônimo disse...

Poxa Zé,vc esqueceu de falar dos caras que piraaaammmm nas entrelinhas, acham que tem subtexto onde não tem (não conscientemente pelo menos). É coisa de freudiano. Nunca namorei um psicólogo/psicanalista, alguem aqui ja pegou algum?