quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Passageiros...

Às vezes penso ser a vida um eterno fluxo constante de transeuntes. Como numa rua. Ou, como canta Maria Rita, como uma estação de trem, onde ora nos despedimos, ora acolhemos. A vida é estranha. Estranha tipo... Estranha mesmo. Nem tipo a Arrasa, nem tipo o Júlio (interna). Não conseguimos manter/acumular nada do princípio ao seu fim. É assim com conhecimento, dinheiro – esse então, consumista que sou, ta difícil de acumular – outras um milhão de coisas e pessoas. Por mais que gostemos da companhia, da amizade de alguém, é (parece ser) impossível mantê-la em nosso convívio até o fim de nossos dias. São poucas as pessoas as quais acredito, fielmente, estarem presentes até a minha terceira idade – se viver até lá.

Confesso que ao longo desses 22 anos já vi – e vejo agora – uma galera saindo e outra galera entrando em minha vida. Movimento esse constante e simultâneo. Me deparei, pela primeira vez, com essa “dinâmica”de população aos dez anos, quando, por força maior, mudei de cidade. Troquei de escola, vizinhos, amigos. Na mesma medida em que eles trocaram de mim. Na transição do ensino fundamental para o médio e do médio para a graduação foram outras trocas de círculo. A própria vida nos apresenta situações onde a “renovação” de pessoas parece ser inevitável. E de cada troca, poucos restaram. Pouquíssimos.

Pessoas que, antes, juravam amor eterno se restringem, hoje, às fotografias ou aos números de perfis adicionados no orkut. As pessoas não são substituíveis. Não é isso. Mas a verdade é que elas, também, não são acumulativas. É impossível despender tempo e atenção a todos: família, colegas de trabalho, amigos – de infância, os da vida, os de night, os da escola, os amigos de amigos. Não podemos esquecer dos inimigos. Esses são muito importantes.


Essa questão – vida, estação, fluxo, passagem - merece o texto agora lido devido a uma situação recente: um grande amigo, meu atual best friend (remetendo a minha necessidade de classificar pessoas), disse ter ingressado no Hare Krishna, ou ter aderido ao – ainda não sei como lidar gramaticalmente, e muito menos na convivência diária, com a questão. A princípio tudo me pareceu muito interessante. Aprenderia algo novo, e diferente da formação cristã que recebi. Uhuuuuuull. O novo me fascina. Porém, quando soube que, na prática, a coisa fugiria – e muito - do que, até então, eu estava acostumado, revelando uma nova personalidade – muito mais zen – do amigo em questão: choque. E medo também.

Seria ele mais uma pessoa a cumprir esse papel, transeunte em minha vida? Ou isso nos aproximaria, tendo em mente que os momentos de convívio seriam outros, e não mais as efêmeras baladas e jogações? Abre parênteses(não que eu ache que nossa amizade se resuma a isso. Ele é muito completo para participar apenas desses momentos) fecha parênteses. A resposta: não sei. O fato é que ultimamente tenho me distanciado de outras pessoas que não entraram para nenhuma religião ou abraçaram causas que redefinissem suas posturas. São pessoas que tinham tudo para estar mais próximas de mim – círculo social, ambientes comuns, ideais semelhantes – e, no entanto, tornam-se cada vez menos íntimas. Desconforto. É triste olhar com estranheza quem, um dia, partilhou de intimidade. Em contrapartida, me aproximo de quem está longe. Esteja em outro estado ou outro país, a lembrança vira sinônimo de saudade. Louco isso, né?!

Talvez esteja nessa masturbação mental à toa - Será que vai ser mais um? Menos um? Encontro? Despedida? - Chega. Não quero pensar. Já está tarde, são quase três da manhã, e o sono vem. Mas o mal estar em ser deixado ou deixar, perpetuando essa dinâmica de passagem, permanece. Cansei de teorizar
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4 comentários:

Flávia Feijó disse...

Querido, como vc sabe, volta e meia caímos nesse assunto em nossas conversas, não? Embora ache muito triste, essa é uma realidade...Sofremos e executamos um constante processo de "triagem" daqueles que conhecemos. Sobretudo porque não há espaço para todos em nossas vidas. Muito triste tudo isso. Não gosto nem de pensar!
Ainda bem que com a gente isso não vai acontecer. Pelo menos eu espero,né? hahah
beijooo

Unknown disse...

parabens pelo texto
MTO bom

Anônimo disse...

adorei o texto, z�... acho q foi o q mais gostei at� agora. A vida se recusa a ser o que a gente espera dela, e a� v�o projetos que n�o se realizam, encrencas que se apresentam, amigos que se v�o. quem h� de conter esse movimento?

Anônimo disse...

Amigo, vc quer um abraço?!?! rsrsrsrsrsrs...
Falando sério...acho que entendo sua preocupação (já conversamos sobre isso algumas vezes), mas acredito tb que algumas coisas na vida ficam um pouco fora do nosso controle, ou do controle que queremos ter sobre elas.
Contudo tenho algumas pessoas realmente guardadas dentro do meu coração (sem querer ser brega, mas já sendo) e vc com certeza é uma delas, mesmo me colocando uma fama injusta de "furona"!!! hahahahaha
bjocas